Lava Jato: Garotinho e Rosinha delatados pelos que assinaram o Morar Feliz
12/04/2017 08:01 - Atualizado em 12/04/2017 15:39
As delações dos executivos da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Leandro Andrade Azevedo “relatam o pagamento em favor de Rosângela Barros Assed Matheus de Oliveira [Rosinha Garotinho, PR], nos anos de 2008 e 2012 de vantagens não contabilizadas, quando da campanha eleitoral para a Prefeitura Municipal de Campos”. “No mesmo contexto, narra-se o repasse de recursos também em favor de Anthony William Matheus de Oliveira [Garotinho, PR], para fins da campanha eleitoral do ano de 2014, quando candidato ao governo do Estado do Rio de Janeiro”.
Os trechos aspeados foram publicados no Diário Oficial da Justiça, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na petição em que o ministro Edson Fachin determinou o envio à instâncias inferiores para que seja decidido pelo juiz a instauração do inquérito. Fachin declinou competência porque o casal não tem foro privilegiado. Coincidência ou não, os dois delatores que citaram Rosinha e Garotinho foram os que assinaram junto com a ex-prefeita de Campos o contrato da primeira fase do “Morar Feliz”.
Desde o ano passado era cogitado que nas planilhas da Odebrecht, apreendidas pela Polícia Federal na casa de Benedicto, na 23ª fase da Lava Jato, batizada de “Acarajé”, estavam listados os campistas ex-governadores. Agora, é oficial. Embora a imprensa ainda não tenha tido acesso ao teor total das delações, das quais foram levantadas o sigilo, a manifestação de Edson Fachin ao pedido do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, deixa claro as campanhas nas quais, segundo a delação, Rosinha e Garotinho foram beneficiados ilegalmente pela maior empreiteira do país, envolvida até a medula no maior escândalo de corrupção do país, desvendado pela Lava Jato.
A revista Veja chegou a divulgar que na delação de Leandro Azevedo foi citado o repasse da empreiteira de R$ 9,5 milhões em doações oficiais e caixa dois a campanhas de Garotinho e Rosinha. À época, Garotinho disse que sempre manteve com os diretores da Odebrecht relação amistosa e que gostaria que o delator Leandro Azevedo informasse o país, o banco e número da conta em que teria depositado dinheiro no nome dele ou de Rosinha.
Após Benedicto e Leandro assinarem a primeira etapa do “Morar Feliz”, em outubro de 2009, com a então prefeita Rosinha, somados os três aditivos de pagamento entre janeiro de 2011 e março de 2012, mais a assinatura da segunda etapa do programa, em 28 de fevereiro de 2013, a Odebrecht levou no total R$ 996.434. 912,43 dos cofres públicos de Campos — maior contrato da história do município. Entretanto, a parte final da obra foi abandonada por falta de pagamento.
O contrato da primeira etapa foi assinado em 1º de outubro de 2009, para a construção de 5,1 mil casas, no valor total de R$ 357,4 milhões — numa licitação cujo resultado favorável a Odebrecht foi antecipado pela coluna “Ponto final”, da Folha da Manhã, em quase quatro meses.
Na edição da Folha desta quarta (12), a coluna “Ponto Final” cita que o casal Garotinho poderia estar “na lista do fim do mundo” devido aos contratos do Morar Feliz. Salienta também a coluna, bem como a matéria da mesma edição, que Benedicto e Leandro estão entre os executivos da Odebrecht que firmaram acordo de delação. A expectativa, agora, é pela íntegra dos depoimentos.
Região —
Alcebíades Sabino (PSDB), ex-prefeito de Rio das Ostras, é citado em duas petições. Em uma, junto com ex-secretário de Obras Wayner Gasparello, pelos mesmos executivos que delataram o casal Garotinho. Na outra, Sabino, o atual prefeito de Macaé, Dr. Aluízo (PMDB), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), preso pela Lava Jato desde outubro, e o ex-candidato a presidente Pastor Everaldo (PSC), entre outros, são citados pelos delatores Renato Amaury Medeiros e Roberto Cumplido como receptores de dinheiro ilícito. De acordo com as delações, o objetivo era garantir interesses da Odebrecht em contratos do setor de saneamento de municípios do Rio.
O ex-prefeito de Macaé Riverton Mussi (PDT) e o irmão Adrian Mussi foram delatados por Benedicto e Leandro. Os executivos da empreiteira citaram pagamentos indevidos nas campanhas de 2008 e 2010.
Aos citados, o blog abre espaço para o posicionamento. Serão feitas tentativas de contato durante o dia.
Mais informações na edição desta quinta-feira (13) da Folha da Manhã

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    Arnaldo Neto

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