O empresário Marcelo Odebrecht presta depoimento à Procuradoria Geral da República hoje, segundo antecipou o jornal Valor Econômico. Condenado a 19 anos e 4 meses de prisão, Marcelo negocia acordo de delação premiada, considerado inevitável pelo grupo para que seu herdeiro não cumpra um longo período de pena. Segundo informações obtidas pelo jornal O Globo, o depoimento ocorrerá na sede da PF de Curitiba.
O empresário se comprometeu a falar sobre as obras do governo federal, especialmente do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do qual o Grupo Odebrecht participou, o que deve incluir também propina paga a políticos nos estados. Pelo menos 90 termos de depoimento foram apresentados por Marcelo, que deve não apenas relatar fatos novos como se comprometer a ajudar a comprová-los. Cada termo corresponde a uma obra ou fato específico a ser delatado.
O Globo antecipou que, nas negociações do acordo de delação premiada, executivos da construtora Odebrecht, além de Marcelo Odebrecht, apontaram mais de cem deputados, senadores e ministros, entre outros políticos, como beneficiários diretos de desvios de dinheiro público, ou como recebedores de outras vantagens, como repasses de verba para suas campanhas, por exemplo. Mais de 100 políticos e 10 governadores devem ser citados, mas não há detalhes sobre o que será dito sobre eles.
As delações devem implicar tanto o ex-presidente Lula quanto a presidente afastada Dilma Rousseff, além de líderes da oposição, como o senador Aécio Neves. A Odebrecht admitiria que fez favores ao ex-presidente – como as obras no sítio de Atibaia – e que em troca recebeu favores nos países em que têm obras.
Para a empreiteira, porém, a ajuda de Lula no exterior era um lobby natural para um ex-presidente. Com o governo de Dilma Rousseff, os executivos teriam sido menos benevolentes.
Lista
Em março (
aqui), documentos apreendidos pela Polícia Federal mostraram possíveis repasses da Odebrecht para mais de 200 políticos de 18 partidos políticos. O site
Uol (
aqui) teve acesso aos documentos, nos quais estão citados os prefeitos de Campos, Rosinha Garotinho (PR);de Macaé, Dr. Aluizio (PMDB); e de Rio das Ostras, Alcebíades Sabino.
E ainda os ex-governadores Anthony Garotinho (PR), marido da prefeita de Campos e seu atual secretário de Governo, e Sérgio Cabral (PMDB), o governador Pezão (PMDB), os deputados federais Clarissa Garotinho (PR), Rodrigo Maia (DEM), Otávio Leite (PSDB) e Eduardo Cunha (PMDB), o senador Lindberg Farias (PT).
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), também é citado, assim como os deputados estaduais Paulo Melo e Jorge Picciani, ambos do PMDB, entre outros políticos fluminenses.
Na ocasião, todos negaram qualquer irregularidade.
No dia seguinte, a revista Veja (
aqui) afirmou que a prefeita Rosinha havia recebido R$ 1 milhão em bônus da empreiteira.
Atualização: No texto.