Educação tenta se reestruturar
Daniela Abreu 11/02/2017 18:29 - Atualizado em 13/02/2017 11:44
Rafael Peixoto/Supcom-Campos
Secretário de Educação, Brand Arenari / Rafael PeixotoSupcom-Campos
Entre escolas e creches, a secretaria municipal de Educação de Campos é responsável por administrar 242 unidades escolares, que abrigam cerca de 55 mil alunos, número superior ao da população de alguns municípios vizinhos, como São Fidélis e São João da Barra. Com uma herança de graves problemas estruturais e falta de alimentos, por exemplo, Brand Arenari assumiu a secretaria com a responsabilidade de reestruturar espaços físicos e aumentar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município, um dos piores do estado nos últimos anos. O início do ano letivo estava marcado para esta segunda-feira (13), mas foi adiado para a próxima quarta (15).
O motivo dado pela secretaria para o adiamento foi o atraso no envio dos alimentos para merenda dos fornecedores do Espírito Santo, devido à crise na segurança do estado vizinho. Na última quinta-feira, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) enviou um ofício à secretaria pedindo o adiamento do início das aulas por causa da falta de funcionários.
Arenari explicou que para a reforma de unidades e da própria sede do órgão foi criada uma diretoria de infraestrutura com o objetivo de reestruturação física do sistema municipal de ensino. Segundo o secretário, a equipe fez um levantamento e já conhece os casos extremos que necessitam de intervenção imediata.
— Todos nós sabíamos que a situação não era das melhores. Nossos índices de educação já apontavam que algo não estava indo bem, mas quando a gente entra em contato diretamente com o que ficou, é muito pior do que se poderia imaginar. A desorganização, o desleixo com a Educação é impressionante, é assustador — disse Brand.
A limpeza das unidades também vem esbarrando na falta de material e de servidores para o serviço. Outro ponto importante para o recomeço das aulas, a merenda será disponibilizada com a reserva de estoque e com os demais itens que ainda estão para chegar, segundo Brand Arenari.
Alvo de diversas polêmicas nos últimos anos, o material escolar utilizado em Campos voltará a ser o oferecido gratuitamente pelo ministério da Educação. Segundo Brand, a economia para os cofres municipais será de R$ 40 milhões por ano. O secretário disse que o valor será investido na reestruturação das unidades escolares.
— Nós vamos começar o ano letivo e conseguimos entregar livro em todas as escolas. Normalmente o que acontecia em Campos, mesmo quando compravam os livros, era que o material chegava já no meio do semestre. Com todas as condições adversas que nós encontramos, essa é uma vitória — disse.
Motivo de denúncias de pais de alunos, a possibilidade de corte de algumas bolsas para escolas particulares também foi explicada pelo secretário. A medida é adotada como forma de a secretaria suprir a carência de vagas na rede municipal. De acordo com Arenari, uma vez que as vagas voltam a ser disponibilizadas, a Prefeitura deve gradativamente acolher esses alunos nas escolas municipais. Este ano foram abertas 18 mil vagas e, segundo o secretário, até o meado da semana passada, apenas nove mil tinham sido preenchidas.
Volta às aulas foi adiada para quarta-feira
Um dia após o Sepe enviar um ofício pedindo o adiamento do início do ano letivo, marcado inicialmente para esta segunda-feira, a secretaria municipal de Educação de Campos anunciou, na última sexta-feira, que as aulas voltarão apenas na próxima quarta-feira.
De acordo Brand Arenari, o adiamento em dois dias se deve ao atraso na entrega das merendas. “A maioria dos fornecedores é do Espírito Santo e o atraso na entrega de alguns alimentos aconteceu devido ao problema da instabilidade na segurança enfrentado atualmente pelo estado”, explicou.
No documento encaminhado à secretaria, o Sepe ainda relata problemas como a falta de vigias, auxiliares de serviços gerais, auxiliares de turmas, merendeiras e materiais de trabalho, “tornando impossível o início do ano letivo de forma digna e segura, tanto para os alunos como para os profissionais”.
No entanto, o secretário de Educação ressaltou que os funcionários estão preparando as unidades escolares desde a última quarta-feira para a recepção dos alunos.
Sem infraestrutura em escolas municipais
Durante a semana, o vereador Jorginho Virgílio (PRP) mostrou nas redes sociais as péssimas condições estruturais do Centro Educacional Municipal do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar e do Álcool (Cemstiac), no Centro. Obra que se arrasta há mais de três anos e meio, material entulhado, sujeira, banheiros inutilizados, infiltração, falha na rede elétrica, vidros quebrados e infestação de baratas foram alguns dos problemas verificados. “O que a gente quer é ter condições de receber bem esses estudantes. Nos últimos anos trabalhamos como podemos, em meio a uma obra que nunca acaba e vários outros problemas”, disse a professora da rede municipal há 23 anos, quatro deles dedicados ao Cemstiac, Lídia Nogueira.
As salas de aula improvisadas com tapumes durante o término das obras permanecem, mas sem carteiras. As péssimas condições dos banheiros também atraem baratas. Para o secretário, o quadro reflete a herança da gestão anterior. “São impossíveis as condições de trabalho que encontramos em toda a Prefeitura. O esforço de reconstrução da cidade é de todos. Coisa que não faremos é abandonar a luta, então essa é a condição de todos nós”, finalizou.
  • Falta de estrutura em escolas

    Falta de estrutura em escolas

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