"Médicos no poder e a qualidade de vida"
Suzy 25/07/2016 01:01
Depois de muitos meses afastado para dedicar-se a outras atividades, o jornalista Ricardo André Vasconcelos interrompeu o momento recluso para fazer uma análise sobre a história "médico-política" de Campos nos últimos 50 anos. Peço licença para reproduzi-la abaixo (ou é possível conferir no seu Eu penso que), desejando que a  interrupção desperte a vontade de Ricardo voltar a dividir conosco suas opiniões sempre tão precisas.

domingo, 24 de julho de 2016

MÉDICOS NO PODER E A QUALIDADE DA SAÚDE

 eu penso que hirano
Líder do governo d. Rosinha, Hirano passou por tratamento médico no exterior no ano passado, mas estaria pronto para a campanha
 eu penso que batista
Batista pode ser recompensado por sua lealdade ao grupo político por sua atuação como presidente da Câmara nos últimos quatro anos
 eu penso que chicao
Vice nos últimos oito anos, o também médico Chicão não pode mais disputar a vice. Só a cabeça de chapa, possibilidade cada dia mais distante
A se confirmarem os rumores do final de semana, na próxima quarta-feira, 27, serão ungidos dois médicos na chapa que vai representar o grupo político dominante nas eleições de outubro para a Prefeitura de Campos: Paulo Hirano (PR) prefeito e Edson Batista (PTB) o vice. Independente da qualidade política de ambos, se depender das probalidades, a dupla é  favorita para administrar as dívidas do município pelos próximos quatro anos. Das últimas 16 eleições para a Prefeitura de Campos ocorridas nos últimos 50 anos, em apenas três não havia um médico na chapa vencedora: Zezé Barbosa/Valdebrando Silva (1982), Sérgio Mendes/Amaro Gimenes (1992), Carlos Alberto Campista/Toninho Viana (2004). A famosa dupla composta pelo industrial Zezé Barbosa e o médico Lourival Martins Beda já havia sido vitoriosa na eleição de 1966 e voltara “por vontade popular” e "depois de um descanso merecido" , como dizia a marchinha de campanha, ao governo na eleição de 1972. No pleito seguinte (1976), foi a vez do engenheiro Raul Linhares e do médico Wilson Paes chegarem ao poder. Raul foi um raro caso de desapego ou de desencanto e deixou um ano inteiro para seu sucessor, além de respeitável legado como obras de infraestrutura importantes, o Calçadão e a recuperação do Villa Maria. Em 1988, Garotinho (então PDT) estreou na prefeitura com o médico Adilson Sarmet (PSB) na vice e numa aliança que duraria pouco mais de um ano. Sarmet, que fora nomeado para dirigir o Hospital Ferreira Machado, que estava em fase de reabertura, foi demitido pelo prefeito e as relações azedaram de vez. Eleito para um segundo mandato em 1996, Garotinho voltou com outro médico na garupa, desta vez o popular vereador Arnaldo França Viana, que o substituiria para concluir o mandato a partir de 1998 e eleito prefeito na primeira eleição do século 21. O sucessor de Arnaldo, eleito numa chapa sem médico, foi cassada cinco meses e 13 dias após a posse e substituído pelo presidente da Câmara, o médico Alexandre Mocaiber,  logo depois efetivado na eleição suplementar de 2006. Na sequência, foram dois governos de dona Rosinha com o médico Chicão Oliveira na vice. Médico no poder em Campos não é novidade apenas nos últimos cinquenta anos ainda alcançados pela memória do jornalista cinquentão. Com apoio da pesquisa do historiador Hélvio Cordeiro, do Instituto Historiar (aqui) e do imprescindível livro “Política, Políticos & Eleições”, de Vivaldo Belido de Almeida (Ed. Alvorada – dezembro de 1988), é possível descobrir que o primeiro médico a assumir a Prefeitura de Campos foi José Nunes Siqueira (1910/1911), seguido dos também médicos Luiz Caetano Guimarães Sobral (de 1914 a 1918 e 1920 a 1924 e 1930);  Benedito Gonçalves Pereira Nunes (1928-1930); Oswaldo Luiz Cardoso de Melo, (1931 a 1932); Sílvio Bastos Tavares, (1932 a 1933 e de 1939/1937); Manuel Ferreira Paes, (1945/1946 e 1947 a 1951); João Barcelos Martins (1955-1959 e 1963 a 1964) e Edgardo Nunes Machado (1962). Se o tal Conselho da Frente Popular Progressista — apelido pomposo da sopa de letrinhas de partidos barganhados para apoiar a candidatura do grupo político dominante — não optar pela chapa dos dois médicos, a possibilidade é de que pelo menos uma das vagas seja de alguém da área da Medicina. A dupla Paulo Hirano/Mauro Silva não vingou, dizem as más línguas, por excessivamente “estrangeira”. Bobagem. O fato de ambos terem nascido no Paraná não desmerece a carreira de ambos, construída na planície goitacá. Mas isso é assunto para outra hora... A questão é, se a cidade teve tantos médicos administrando a cidade desde o início do século XX, por que a qualidade do atendimento na área da Saúde ainda é a principal queixa da população? Postado por Ricardo André Vasconcelos às 19:06

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Suzy Monteiro

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS