EUA e Cuba vão retomar relações
Alexandre Bastos 17/12/2014 18:33

Após 53 anos de rompimento, Estados Unidos e Cuba vão normalizar integralmente as relações diplomáticas, com abertura de embaixadas em Havana e Washington e recomposição de canais de cooperação e negociação, informaram os governos das duas nações. Para concretizarem o passo histórico, os presidentes Barack Obama e Raúl Castro autorizaram no primeiro semestre de 2013 conversas secretas de alto nível — que começaram em junho daquele ano, tiveram a bênção do Papa Francisco e foram concluídas ontem, com chamada telefônica de uma hora e meia entre os dois mandatários — e alinhavaram a liberação de prisioneiros cubanos e americanos, o que ocorreu esta manhã. Os EUA decidiram ainda rever a inclusão de Cuba na lista de Estados que apoiam o terrorismo; relaxar ainda mais viagens e remessas de americanos à Ilha; e liberar várias transações financeiras e tipos de exportações.

Obama e Raúl anunciaram as medidas simultaneamente, em Washington e Havana. Segundo o governo americano, Cuba também fez concessões. Vai liberar 53 prisioneiros que Washington considera políticos (alguns dos quais já começaram a ser soltos), vai facilitar o acesso à internet à população e abrirá espaço para visitas adicionais de avaliação da ONU e da Cruz Vermelha. "Começamos um novo capítulo nas histórias dessas duas nações das Américas", disse Obama. "Ninguém está bem servido por políticas desenhadas quando a maioria de nós nem era nascida. Através dessas mudanças, tentamos criar mais oportunidades para os povos americano e cubano para iniciar um novo capítulo", afirmou.

O embargo econômico continua válido, pois depende de decisão do Congresso americano. Mas foi enfraquecido com as medidas. O objetivo dos americanos, segundo autoridades do primeiro escalão, é aumentar o cacife da sociedade civil cubana e potencializar as reformas que vêm sendo adotadas por Raúl Castro desde que substituiu o irmão Fidel no comando de Cuba, em fevereiro de 2008. E evitar novos atritos. "Não devemos permitir que sanções americanas aumentem o fardo do povo cubano que queremos ajudar", frisou Obama. "O isolamento não funcionou", completou.

O presidente cubano, Raúl Castro, demonstrou satisfação com os termos do acordo. "A decisão de Obama merece o respeito e reconhecimento de nosso povo. Quero agradecer o apoio do Vaticano, e especialmente ao Papa Francisco", afirmou, em discurso transmitido pela TV estatal. — Concordamos com o restabelecimento de relações diplomáticas, o que não quer dizer que nosso principal problema seja resolvido. O bloqueio econômico, comercial e financeiro deve acabar. As medidas de bloqueio foram convertidas em lei, e o presidente dos EUA, Barack Obana, deve tomar medidas executivas.

A Casa Branca não excluiu uma visita a Cuba do presidente Barack Obama. "Sem dúvida, não excluiria uma visita presidencial", declarou o secretário de imprensa da Casa Branca, Josh Earnest, ao ser perguntado.

Papa foi importante - As negociações entre os Estados Unidos e Cuba passaram por Canadá e Vaticano, revelou o “New York Times” nesta quarta-feira, com o Papa Francisco assumindo um papel essencial. De acordo com o diário, o Papa encorajou reuniões secretas entre Obama e Raúl Castro, que deu fim a décadas de hostilidades e reabriu as relações diplomáticas. Após 18 meses de encontros sediadas no Canadá e encorajados por Francisco, o pontífice foi o anfitrião do último encontro. O acordo final foi selado com um telefonema entre os presidentes.

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