Propina de R$ 2 milhões por obra da Petrobras em Macaé
Alexandre Bastos 06/12/2014 10:15
[caption id="attachment_29551" align="aligncenter" width="558"] Empreiteiras ficaram responsáveis pela construção de uma estação de compressão de gás, no terminal Cabiúnas 3, em Macaé[/caption]

O executivo Augusto Ribeiro Mendonça Neto, da Toyo Setal, afirmou ao Ministério Público Federal (MPF), em acordo de delação premiada, que pagou R$ 2 milhões em propina, no ano de 2011, a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras. O objetivo seria conseguir um contrato com a estatal numa obra na cidade de Macaé, no Norte Fluminense. Duque nega.  Em depoimento a que o jornal "O Dia" teve acesso, Mendonça Neto disse que o dinheiro era necessário para que Consórcio SPS, da qual sua empresa faz parte, conseguisse fechar o contrato de R$ 1 bilhão com a estatal. As empreiteiras ficaram responsáveis pela construção de uma estação de compressão de gás, no terminal de Cabiúnas 3, em Macaé. Outras integrantes do consórcio, as empresas Promon Engenharia e Skansk, não aceitaram “o acerto” proposto por Duque, que, segundo diz o depoimento do executivo, pedira “entre R$ 10 e R$ 20 milhões” para que fechassem o negócio.

Oficialmente, não era Mendonça Neto quem representava a SOG — Óleo e Gás, subsidiária da Toyo Setal, que integrava o Consórcio SPS. Mas, por seu acesso a Renato Duque, foi ele quem articulou o “acerto”.  Após negociação, que conseguiu reduzir o valor para R$ 2 milhões, Mendonça Neto transferiu o dinheiro de uma conta no exterior, no banco Safra Panamá, em nome da Companhia Stowaway, para a conta ‘Marinelo’, que, segundo ele aponta, é de Renato Duque.

Mendonça Neto ainda afirmou ao MPF que, depois que o negócio foi fechado, as empresas sócias no consórcio o reembolsaram através da empresa Engergex Group, que tem o executivo como dono. Segundo ele, tudo por “contrato simulado de prestação de serviço”. Ainda de acordo com o delator, outras obras da Petrobrás no Estado do Rio saíram do papel graças a esquema de propina — uma unidade da Refinaria Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi uma delas. O executivo não soube, porém, especificar os valores.  À Justiça Federal, Renato Duque negou que tenha participado ou que soubesse de esquema de pagamento de propina para a obtenção de contratos na estatal. Ao jornal "O Dia" , um dos advogados do ex-diretor, Alexandre Lopes de Oliveira, afirmou que o executivo da Toyo Setal “tenta receber do juízo, ao final, o perdão judicial ou a diminuição de pena, com Renato Duque como alvo”.

Para Oliveira, a suposição de que seu cliente tenha sido indicado pelo PT somado ao seu cargo na Petrobras o torna alvo — ele nega qualquer indicação do partido. “Duque é o que MPF queria ouvir. Então, eles tentam se safar agradando ao acusador do Estado”, afirmou.

Fonte: O Dia / Nonato Viegas 

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