Flagrantes levam PRE a investigar Garotinho e Crivella por boca de urna
Alexandre Bastos 03/10/2014 11:26
[caption id="attachment_27951" align="aligncenter" width="527"] Cabos eleitorais recrutam moradores de Campo Grande, na Zona Oeste, para boca de urna (Crédito: Priscilla Moraes/CBN)[/caption]

O procurador regional eleitoral, Paulo Roberto Berenguer, afirmou nesta quinta-feira que abrirá investigação para apurar denúncias de que cabos eleitorais recrutaram dezenas de pessoas na quarta-feira, em Campo Grande, para realizar boca de urna em favor de Anthony Garotinho (PR) e do candidato a deputado estadual Almir Rangel (PTdoB), conforme noticiado pela rádio CBN (aqui). Segundo a reportagem, aliados dos candidatos ofereceram de R$ 100 a R$ 150 para que moradores fizessem boca de urna para os candidatos no domingo e votassem neles. "Se isso realmente ocorreu, configura corrupção, além de dar origem a uma ação civil eleitoral, por captação ilícita de sufrágio (compra de votos). Essa ação civil pode ter como consequência a cassação do mandato ou do diploma", disse Berenger, que prometeu abrir um procedimento administrativo que pode resultar ainda em um inquérito policial.

De acordo com a denúncia, cerca de 200 pessoas estiveram no encontro. Na gravação, um cabo eleitoral chega a ensinar como escapar da fiscalização do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) no dia da eleição. “Fica a 500 metros fora da boca de urna”, diz o homem, que se identificou como Iranir. Segundo Berenger, o esquema de fiscalização, que envolverá um esforço conjunto do Ministério Público Eleitoral (MPE), do TRE-RJ e da Polícia Militar, terá agentes atuando na região e no restante do estado para coibir esse tipo de prática, que é considerada ilegal: "Fiscais do TRE-RJ e policiais vão estar nas ruas, além de promotores", afirmou.

Por e-mail, via assessoria de imprensa, Anthony Garotinho afirmou que “desconhece o assunto (...) e que, em período de campanha, é natural aparecerem pessoas utilizando nomes de políticos de forma indevida”, lembrando que ninguém está autorizado a falar em seu nome.

A repórter da CBN, Priscilla Moraes, chegou a gravar um áudio com o cabo eleitoral comentando sobre o valor da boca de urna (aqui).

Atualização às 16h30 (alteração no título e inclusão de novas informações) - 

Bispo incita fiéis à boca de urna por Crivella em Nova Iguaçu - Inflamado, o bispo Júnior Reis conduziu o culto da noite de quarta-feira, a quatro dias das eleições, na Catedral da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) de Nova Iguaçu, com ataques ao governador e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB) e, na mesma medida, pedindo votos para o candidato ao governo pelo PRB, Marcelo Crivella. O líder incitou também os cerca de 300 fiéis presentes a realizarem boca de urna. "O principado do inferno é que comanda o estado, por isso que o estado está nessa situação que está. Como o rapaz lá perguntou, cadê o... Como é que chama? O Amarildo, Pezão? Aí, o Pezão vai e ri. Então, você vê que eles ficam rindo porque eles são os principados do demônio, que atuam agora no governo, no presidencialismo", prega Júnior Reis, citando o debate promovido pela TV Globo com os principais candidatos ao governo do estado, na última terça-feira. Na ocasião, Pezão deu uma risada logo após a pergunta feita pelo candidato Tarcísio Motta (PSOL) sobre o sumiço do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza.

Com 800 mil habitantes, Nova Iguaçu é o quarto maior colégio eleitoral do Rio, é um dos mais fortes redutos eleitorais do senador e bispo licenciado da Iurd. Durante sua pregação, Júnior Reis conclamou os evangélicos para se reunirem domingo, às 9h30m, na catedral, para o grupo fazer boca de urna em favor dos candidatos da igreja, para, somente depois, irem votar. Ele pergunta: "Quem vota no Centro? Quem vota em São João de Meriti e Belford Roxo? Lá, vocês também podem fazer boca de urna. Quarenta porcento da população não sabem em quem votar. É nessa indecisão que a gente vai fazer a diferença. Amém, gente?", indagou.

Segundo o procurador eleitoral auxiliar Sidney Madruga, da Procuradoria Regional Eleitoral, houve diversas irregularidades na mesma noite. O magistrado afirma que, para o Ministério Público, o discurso do bispo em favor dos candidatos e a panfletagem na calçada da igreja são, juntos, um indício de abuso de poder político e econômico, que pode resultar na cassação de um eventual mandato dos candidatos beneficiados. Madruga lembra também que boca de urna é crime. "A propaganda de boca de urna é crime desde 2006 e pode resultar em pena de seis meses a um ano de prisão para quem for condenado. No caso do bispo Júnior Reis, pode-se dizer que houve uma incitação ao crime eleitoral, previso no artigo 286 do Código Penal. Isso não pode acontecer. Precisamos ter acesso à gravação do culto", enfatiza Madruga.

De acordo com as normas para as eleições (Lei 9.504/97), é proibida a propaganda em bem de uso comum, como templos, centro comerciais e cinema: "Para mim, está bem caracterizado o ilícito eleitoral da propaganda irregular, que pode render multa de R$ 2 mil a R$ 8 mil ao infrator", explica o procurador.

Marcelo Crivella se defende, dizendo que, durante seus 12 anos de vida pública, nunca pediu voto dentro da igreja e, diz ainda, que não tomou conhecimento do fato abordado pela reportagem. Rosângela Gomes afirma que desconhece a atitude tomada pelo pastor citado, tampouco sua campanha tinha em sua agenda qualquer ação de propaganda dentro da igreja. Pezão não quis comentar o caso. (Colaborou Rafaela Marinho)

Para conferir a matéria completa, incluindo o áudio com o discurso do bispo, clique aqui 

Fontes: O Globo e CBN

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