Hospital São José: um retrato do descaso
Alexandre Bastos 24/04/2014 16:10
[caption id="attachment_24137" align="aligncenter" width="627"] Reprodução - Folha da Manhã[/caption]

Em 2009, durante o primeiro mandato da prefeita Rosinha Garotinho (PR), houve uma grande discussão na Câmara de Campos sobre a necessidade de um Hospital de qualidade na Baixada Campista. Na época, quando se debatia o Orçamento para 2010, o vereador Abdu Neme (PR), que era da bancada de oposição, apresentou uma emenda de R$ 15 milhões para a construção de um moderno Hospital. Porém, a emenda foi atropelada pelo “rolo compressor” governista. O debate gerou tanta polêmica que dividiu os governistas. Os vereadores Albertinho e Gil Vianna votaram ao lado da oposição e a favor da emenda.

2009 — Na tribuna, o então líder da bancada governista, Jorge Magal, informou que já havia um projeto da prefeita Rosinha para a reestruturação do Hospital São José. Veja só, estamos falando de 2009.

2011 — Dois anos depois, em abril de 2011 (aqui), uma matéria publicada no site da Prefeitura, informou que o Hospital São José seria totalmente reformulado e se tornaria uma referência no atendimento na Baixada Campista. Na ocasião foi concluído o processo de licitação para o projeto, no valor de R$ 6,4 milhões e as obras previam a construção de um prédio novo, de dois pavimentos e a recuperação da edificação antiga, que hoje abriga a unidade de saúde.

2012 — Durante todo o ano de 2012 a Prefeitura repetiu a matéria de 2011 informando que as obras estavam em andamento.

2013 — Dois anos depois da promessa de 2011, sem a obra andar muito e a população continuar protestando, o vereador Jorge Magal, aquele mesmo, que em 2009 liderou a votação contra a emenda e acreditou na promessa da prefeita, fez um desabafo após perder o seu sobrinho em um acidente de carro. Pouco antes do acidente, o sobrinho de Magal buscava, sem sucesso, o atendimento para uma criança no Hospital São José.

2014 — Agora, quase cinco anos após a promessa de um Hospital moderno para a Baixada, vejo na Folha da Manhã que as obras continuam engatinhando e a população protestando. As reclamações são muitas: falta de medicamentos na farmácia, além de ausência de proteção contra chuva e sol no mesmo setor, onde filas são formadas e pacientes ficam expostos; pequeno número de profissionais; mau atendimento da parte dos funcionários e demora nas consultas médica. Na última terça-feira a equipe de reportagem da Folha flagrou um bebê de apenas um mês de vida, com secreção e dificuldade respiratória, esperar quase três horas para atendimento pediátrico. Para quem não se lembra, foi aberta em novembro de 2013 (aqui) uma sindicância para apurar todas essas queixas. Agora, quase seis depois, os problemas estão lá e nunca ouvimos falar sobre o resultado da sindicância...

O fato é que entre o final de 2009 e o início de 2014, o governo Rosinha gastou cerca de R$ 100 milhões com o Cepop, R$ 20 milhões com as obras da Beira Valão, R$ 30 milhões com materiais didáticos que poderiam ter sido adquiridos gratuitamente e mais alguns milhões com paisagismo, shows e outras prioridades escolhidas pela prefeita e seu grupo. Já o investimento no Hospital São José, na Baixada Campista, foi prometido em 2009, anunciado em 2011 e até hoje não foi concluído... Nesse caso, se falarem que a culpa é do governo passado, estarão cobertos de razão. Afinal, o governo passado (gestão anterior de Rosinha) foi quem prometeu.

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