Itaocara: PSOL venceu Cabral e Garotinho
Alexandre Bastos 15/10/2012 00:00
[caption id="attachment_13236" align="aligncenter" width="575"] O prefeito eleito Gelsimar Gonzaga, do Psol, entre seus pais, Dézio e Maria da Penha| Foto: Luiz Ackermann / Agência O Dia[/caption]

Se na maioria dos municípios do Estado do Rio os candidatos vitoriosos receberam apoio de caciques poderosos, em Itaocara foi diferente. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) conseguiu eleger o primeiro prefeito da história da legenda: Gelsimar Gonzaga, um ex-cortador de cana de 48 anos que virou dirigente sindical nos anos 80 e ajudou na fundação tanto do PT quanto de seu dissidente PSOL em 2005. Ele recebeu 6,7 mil votos, o equivalente a 44,26% do eleitorado itaocarense. Gelsimar também é um exemplo de persistência. A eleição de domingo foi o seu sétimo pleito. Nas outras seis ocasiões ele foi derrotado.

Até chegar à Prefeitura, Gelsimar percorreu um longo caminho na militância política. Durante a década de 80, o ex-trabalhador rural foi morar na capital do estado para servir ao exército. Durante os dez anos em que morou no Rio, conheceu Cyro Garcia e começou a atuar como dirigente sindical. Nesse período, participou da fundação do PT, pelo qual tentou se eleger vereador por três oportunidades diferentes, prefeito duas vezes e deputado estadual uma vez. Em nenhuma das eleições saiu vencedor. Em 2005, rompeu com o PT, juntamente com o grupo formado por Heloísa Helena, para fundar o PSOL. A chance de ser eleito quase virou realidade em 2010, quando se candidatou para o cargo de deputado estadual e foi o terceiro mais votado do partido no estado, somente atrás de Janira Rocha e Marcelo Freixo. Na ocasião, Gelsimar abocanhou 25% do eleitorado de Itaocara e virou suplente dos deputados do PSOL na Assembleia Legislativa. Estavam fincadas as bases da candidatura vitoriosa deste ano. “Foi uma eleição complicada. Grandes caciques políticos do Rio, como Anthony Garotinho e Sérgio Cabral, indicaram candidatos no município. Mas nossa campanha baseada no enxugamento da máquina pública e em uma gestão transparente conquistou o eleitor”, afirmou Gonzaga, que enfrentou nas urnas o atual prefeito Alcione Araújo (PMDB), apoiado pelo governador Sérgio Cabral.

Gelsimar sabe que vai ser difícil cumprir todas as promessas de campanha. Atualmente, Itaocara tem um orçamento anual de R$ 42 milhões, o 70º entre os 92 municípios do estado. Além do caixa minguado para grandes investimentos, o futuro prefeito vai ter que conviver com uma Câmara de Vereadores formada majoritariamente pela oposição: dos 11 vereadores eleitos, somente um é do PSOL. No entanto, o funcionário concursado da prefeitura se diz confiante em uma administração marcada por profundas mudanças. A começar pelo seu próprio endereço. “Ainda moro na roça, em uma fazenda a 25 km do centro da cidade. Vou me mudar com minha mulher e minha filha de 12 anos para mais perto da prefeitura para poder acompanhar de perto o dia a dia da cidade”, conta o prefeito eleito, que já sabe da responsabilidade que tem por ocupar o primeiro cargo executivo do PSOL. “O objetivo é se tornar exemplo do que o partido pode vir a fazer em outras cidades no futuro. Somos uma cidade pequena, mas é exatamente por isso que podemos nos tornar exemplo de gestão transparente e responsável para todo o país”, afirmou.

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