Como já disse aqui no blog, o deputado federal Anthony Garotinho (PR) sabe que temos uma visão maniqueísta da história. Heróis de um lado e vilões do outro. “Quem não aceita trabalhar para mim é meu adversário!” “Quem atua no governo do Estado fará de tudo para me destruir!” “Quem não elogia a prefeita Rosinha quer a volta de Arnaldo!” “Quem não entra no ‘Campos de Todos Nós’ é contra o desenvolvimento do município!” Trata-se de um raciocínio que não aceita a possibilidade de alguém agir e pensar diferente. O problema é que, em política, todo maniqueísmo é um atentado ao bom senso e à dialética.
No período da Guerra Fria, o então presidente estadunidense, Ronald Reagan, fazia declarações apontando os soviéticos como a encarnação do demônio. Depois, o Bush pai fez o mesmo com Saddam Husseim. Posteriormente, o Bush filho personificou a maldade em Osama Bin Laden. Em um dos discursos mais maniqueístas de todos os tempos, Bush declarou: “Quem não está com os EUA está a favor dos terroristas”. Em Campos, recentemente, Garotinho disse: “Quem não está com a família está com a quadrilha”.
Na última eleição, ao falar sobre o governador Sérgio Cabral (PMDB), Garotinho gritava nos palanques: “Cabral do mal, Cabral do mal”. Ao fazer seus seguidores repetirem este refrão, ele deixava claro que o representante do “Bem” estava bem ali, diante da multidão. Ele se coloca como mocinho e precisa inventar vilões para viver nesse clima constante de guerra. Agora, ao me citar em seu blog, ele tenta me transformar em vilão para desqualificar o meu trabalho. Faz parte do show! Já fez isso com muitos jornalistas que cobrem política no Estado do Rio. Muitos profissionais que, assim como eu, foram sondados e acharam melhor não trabalhar para ele. Quem consegue enxergar além da política percebe o que está por trás de cada ação e tentativa de intimidação. Então, o que me resta é continuar fazendo um trabalho que vai muito além da visão maniqueísta do deputado.
