Acho que uma das piores coisas que a vida pode fazer com a gente é desacreditar. Quando jovens, crer em alguma coisa, em um ideal, em uma ideia é o que nos faz pulsar. É o combustível necessário para mostrar que o futuro pode ser melhor e diferente. Temos a tendência de achar que o passado estava errado e o futuro pode ser realmente o sinônimo de aprendizado. Dificilmente. Embora algumas pessoas consigam manter essa chama da crença acessa, somos seres humanos. Tão cheios de erros, tão carentes de qualidades, tão adoradores da verdade quando ela não significa passar por cima de alguma meta nossa, quando os nossos próprios direitos não estão em jogo. Outras pessoas vão endurecendo com as rasteiras e o aprendizado fornecido pela própria vida: se para defender uma verdade é preciso mentir, está liberado. Se o guarda multar os carros que não forem os nossos, beleza. Se nossos atos não descobertos são repetidos por nossos adversários, forca. Se para atingir um objetivo é preciso renegar nosso discurso, fazer o quê? A vida é aprendizado. Se bom ou ruim, depende de cada um. Talvez essa introdução um pouco extensa faça parte do discurso de uma mulher que procura ainda manter a esperança e algumas de suas crenças, mas a vida. Não. O mundo e as pessoas que habitam nele insistem em tentar destruir. Quando pensei que já não havia o que de pior ver, eis que ontem vejo uma foto do ex-presidente Lula e do deputado Paulo Maluf se cumprimentando numa aliança “por São Paulo”. Será que os paulistas merecem isso? Será que os milhões de brasileiros que votaram eleição após eleição em Lula, acreditando na história do operário que falava a língua do povo e chegou ao poder merecem isso? Não vamos ser hipócritas em colocar Maluf como a personificação do mal. Como ele, talvez em menor escala, existem milhares. Mas e como Lula? Alias, Lula mostrou-se como milhares? O que um homem com sua trajetória de vida, oito anos presidente, reverenciado em várias partes do mundo, precisa provar? Que pode eleger o novo prefeito de São Paulo? Não elegeu sua sucessora? O que mais quer? Que droga é essa – o poder – que faz justificar o injustificável? Desculpem o desabafo, mas eu podia ter passado sem ver isso.