Mãe
Suzy 13/05/2012 14:46

Na vida quis ser muitas coisas. Primeiro advogada, para “atacar e defender” (eu falava assim mesmo, me desculpem meus amigos advogados. Depois atriz, escritora, professora de História até chegar ao Jornalismo. Mas o que nunca mudou, junto com tudo isso, era meu desejo de seu mãe. Poderia não ser nada do que me passava pela cabeça, mas mãe eu sabia que seria, que teria que ser porque estava marcado em minha história, antes mesmo de ela ser escrita.

Sou mãe. E não é uma tarefa das mais fáceis. Cuidar de outro ser, com vontades e preferências tão diversas das minhas, aprender a reconhecer e aceitar, descobrir a hora certa de dizer sim ou não. Amar incondicionalmente não é algo que estejamos preparadas. Acho que nunca estamos, vamos aprendendo com o tempo.

E quem diz que ser mãe “é padecer no paraíso” está coberto de razão. Aliás, para algumas é mais padecer que chegar ao paraíso propriamente dito. Quem é mãe e que nunca passou um noite vigiando o pequeno a dormir tranquilamente no berço para ver se estava respirando. Ou correu desesperada para o médico para, quando chegar lá, a gracinha entrar toda sorridente e falante? Quem não chorou na festa do Dia das Mães, depois de jogar tudo para o alto no trabalho – porque os colégios imaginam que as mães ainda são donas de casa e marcam essas festas para os horários mais impróprios - para assistir uma apresentação de cinco minutos? E sofreu, chorou, riu, lutou, quase enlouqueceu por seu filho?

As vezes, quando olho a minha filha, já uma adolescente, e nossa vida passa como um filme, a música que me vem à cabeça é essa:

“Você não sabe

O quanto eu caminhei

Pra chegar até aqui

Percorri milhas e milhas

Antes de dormir

Eu nem cochilei”

Reconheço nela traços meus, esse humor agridoce, esse apego à família, um carinho especial com os amigos. Vejo, também, diferenças sem fim que aprendi a respeitar e admirar. Em mim, vejo, cada vez mais, traços de minha mãe, uma paciência inesgotável, uma capacidade de perdoar, de passar por cima e seguir em frente que não se parece nem um pouco com aquela que fui um dia. Acho que é aí que está a eternidade. Na parte nossa preservada em outros. Espero que a minha esteja preservada sempre em minha filha e nas filhas e netas dela.

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    Suzy Monteiro

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