CPI: PMDB tenta evitar convocação de Cabral
Alexandre Bastos 01/05/2012 02:01

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Tranquilos até poucos dias atrás com o tiroteio entre PT e oposição, que mantinha o PMDB distante do alvo central da CPI do caso Cachoeira, integrantes da cúpula do partido começaram a se mobilizar no fim de semana para tentar blindar o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e evitar que seja aprovada sua convocação para depor logo no início dos trabalhos. Dirigentes peemedebistas não escondem o desconforto e a preocupação com a superexposição das relações de Cabral com o dono da Delta, Fernando Cavendish, em fotos divulgadas pelo ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ).

A avaliação feita em conversas reservadas era de que a CPI começa a caminhar com as próprias pernas, e que a cúpula do PMDB terá que rever sua estratégia inicial de se manter à margem da CPI que nunca quis. Por isso, apesar do feriado de hoje, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), chega a Brasília para uma reunião com o presidente licenciado do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), para discutir como conduzir o caso e não deixar que o foco da CPI extrapole o objeto de sua criação: o esquema Carlinhos Cachoeira, Delta e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). "O Renan me deu liberdade para agir de acordo com minhas convicções. E minha convicção é que não vou ser instrumento de lutas regionais. Pode tirar o Garotinho da chuva!", disse Ferraço, ontem, ao GLOBO. Preferindo manter-se no anonimato, um deputado do PMDB faz a mesma avaliação que Ferraço: "A CPI começa a ganhar rumo próprio. Quem é que vai convocar o Perillo e o Agnelo e depois botar a cara lá para defender o Cabral? Quem defender Cabral vira alvo. Como que o Renan, que quer ser presidente do Senado, vai defender isso? Só por baixo dos panos", disse.

Nas conversas de bastidores, peemedebistas avaliaram que a situação de Cabral se complicou muito no final de semana com a divulgação dos vídeos e fotos. Mas a ordem interna é não alimentar essa polêmica. "A CPI é para investigar o Cachoeira e as investigações das operações da Polícia Federal. Se tem outras ramificações, lá na frente a CPI terá que investigar. Temos que aguardar o plano de trabalho da comissão para ver onde e o que tem de ligação com Cachoeira", disse ex-líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ressaltando que não é da CPI. Cabral, que não tem relação estreita com seus partidários no Congresso, está procurando aproximação maior e sondou pessoas do partido para refutar suspeitas de que privilegiou a Delta.

garotinho

Garotinho passa a ser alvo — Após a divulgação das fotos de Cabral, o deputado Garotinho passou a ter o seu passado analisado por políticos e jornalistas de todo o país. Todos querem descobrir se o telhado dele é ou não é feito de vidro. Nesse embalo, uma matéria publicada no "Contas Abertas" informa que, em 2004, Geraldo Pudim recebeu doações de R$ 300 mil da construtora Delta. Pudim recebia apoio maciço de Garotinho – nas eleições seguintes (2006), o slogan “votar no Pudim é votar no Garotinho” o fez se eleger deputado federal.

O blog "Estou Procurando o que Fazer" publicou (aqui) a página que informa a doação de R$ 300 mil ao candidato de Garotinho.

Agora, além de bombardear Cabral, Garotinho vai ter que reservar um espaço para se defender. E ele já mandou um recado em seu blog. "Só quero avisar aqui Cabral que ameaças não me amedrontam. Quem me conhece sabe que sou um homem de coragem, que sempre enfrentei adversários e inimigos poderosos. Se não recuei até hoje, não será por mais essas ameaças de Cabral que vou me acovardar. Digo mais para que todos saibam: Tudo o que já mostrei e o que ainda vou revelar aqui no blog é aperitivo perto do que vou levar para a CPI", disparou Garotinho.

Fontes: O Globo, Contas Abertas,  Estou Procurando o que Fazer e Blog do Garotinho

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