Restauração da Lyra de Apollo em nova etapa
Jhonattan Reis 18/11/2017 17:52 - Atualizado em 21/11/2017 16:18
Lyra de Apollo
Lyra de Apollo / Folha da Manhã
Depois do incêndio que causou grande prejuízo no prédio da Lyra de Apollo, no Centro de Campos, em 1990, os músicos da banda não perderam as forças e passaram os anos seguintes ensaiando em locais distintos, sendo duas décadas de ensaios no calçadão, em frente ao imóvel. Desde 2013, os sons dos instrumentos musicais são ouvidos já de dentro do prédio, mas no primeiro piso, já que as escadas que dão acesso ao segundo andar foram destruídas pelas chamadas em 1990, impossibilitando a subida para a parte de cima, onde ocorriam os ensaios antes do acidente — que teria sido causado por um curto circuito. E 2012 foi o ano em que o lugar começou a passar por restauração, tendo, nesse ano, sido colocado o telhado, possibilitando as preparações da banda — fundada em 19 de maio de 1870 — no primeiro andar, no ano seguinte. Mas a previsão é que os músicos voltem a ensaiar no segundo andar em março. Isso porque as escadas que levam ao segundo piso estão passando por restauração e a previsão de término é fevereiro de 2018.
— As obras nas escadas já passaram de 50%. Já chegamos ao terceiro mês de intervenções. Como a escada é de madeira, temos que seguir uma série de regras. Acredito que no final de janeiro a gente deve fazer a recuperação de algumas partes dela. Em fevereiro, ela estará concluída. É um acontecimento muito importante para a gente, porque essa escada vai possibilitar um melhor desenvolvimento das atividades. Toda a parte artística vai poder voltar a funcionar no alto do prédio — disse o presidente e maestro da Lyra de Apollo, Ricardo Azevedo, que também é o principal representante do movimento de restauração do prédio.
Ricardo lembrou das atividades ligadas à restauração que são realizadas desde 2012.
— Desde então, foram feitas várias coisas. Foram colocados o telhado, a laje, a estrutura metálica, o assoalho. Também conseguimos fazer 20% das torres de cima do prédio. Tudo está sendo feito com muita demora porque estamos fazendo com nossos próprios recursos. Todo o dinheiro que estamos gastando vem dos aluguéis dos dois pontos comerciais que temos na parte de baixo do prédio e dos nossos próprios bolsos, pois a gente completa quando precisa.
As memórias do caminho da banda do ano do incêndio até os dias atuais ainda estão na ponta da língua do maestro.
— Quando aconteceu o incêndio, em 19 de novembro de 1990, eu estava em Niterói. Além do estado em que ficou o prédio, também tivemos outros prejuízos. Perdemos muitos instrumentos e documentos, por exemplo. Mas a banda imediatamente voltou às atividades. Só que não tinha onde ensaiar mais. Então, passamos por alguns lugares. Ensaiamos por um bom tempo na Associação de Imprensa Campista (AIC). Ficamos por lá da época em que houve o incêndio até 1993. Porém, a AIC precisou entrar em reforma. Então, ainda em 93, nossos encontros foram para o museu, o da praça São Salvador, mas, no mesmo ano, ele fechou porque o lugar estava em más condições estruturais. Então, também em 93, passamos a ensaiar na porta do prédio, na beira da rua. Assim foi até colocarmos telhado no prédio, em 2013. Foram 20 anos ensaiando na calçada.
Lyra de Apollo
Lyra de Apollo / Folha da Manhã
Ricardo também lembrou a importância da Lyra.
— Ela é muito importante para a história não só de Campos, mas para o Estado e para o país. A Lyra participou ativamente da história desta cidade. Ela trabalhou muito na campanha abolicionista. A banda ainda tocou quando foi fundado o Clube das Mulheres, com as presenças de José do Patrocínio e Carlos de Lacerda, tocou para o imperador D. Pedro II em 1882, recepcionou o compositor Carlos Gomes em Campos, tocou na chegada de João Goulart, no Rio. São várias conquistas. A Lyra de Apollo completa 148 anos em maio de 2018. É uma história que dá orgulho.
Aos 78 anos, Ricardo Azevedo conta que se sente orgulhoso da história da Lyra e que está feliz por ver o prédio passando por restauração.
— Para mim, é muito gratificante. Eu comecei nesta banda com 13 anos. A Lyra representa tudo na minha vida. É ótimo estar vendo a gente conseguir recuperar nosso espaço.
Mas a Lyra precisa de ajuda para concluir a restauração, comenta ele.
— A restauração é muito cara e a gente precisa de vários tipos de ajuda, principalmente a financeira. A gente nunca recebeu ajuda do município, nem do Estado e nem do Ministério da Cultura. E o prédio é tombado como patrimônio do município. Recebemos doação, recentemente, dos bancários, que doaram dois vasos sanitários. Contribuições são muito bem vindas — falou ele, que deixou os números das contas bancárias da Lyra. — Uma delas é do Itaú. Agência 0463, conta corrente 20.944-5. A outra é da Caixa Econômica Federal. Agência 3239, conta corrente 940-0.

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