Dia do Rock Goitacá hoje na Villa Maria
Jhonattan Reis 05/05/2017 18:46 - Atualizado em 06/05/2017 16:17
Músico Luizz Ribeiro
Músico Luizz Ribeiro / Divulgação
Resistência. A palavra está no nome do coletivo e demonstrada nas atitudes para mudar um cenário descrito como difícil, o do rock and roll. “É muito difícil ser artista de rock and roll, principalmente com som autoral, e este evento é um movimento de resistência dessa cultura”, disse o músico e professor Kiko Anderson. Ele é um dos organizadores do Dia do Rock Goitacá 2017, que acontece neste sábado (6) na Casa de Cultura Villa Maria — rua Baronesa da Lagoa Dourada, 234, no Centro de Campos. Promovido pelo Coletivo Cultural Resistência Goytacá, o evento, que chega à sua quarta edição oficial, acontece a partir das 14h.
A organização pede ao público que, assim como no ano passado, doe, como ingresso simbólico, 1 kg de alimento não perecível ou materiais de limpeza. Os alimentos arrecadados serão encaminhados ao asilo Monsenhor Severino e ao projeto social Abraço Solidário. Já os materiais de limpeza serão destinados à Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que passa por dificuldades financeiras.
O Dia do Rock Goitacá nasceu como uma homenagem a Luizz Ribeiro, músico, compositor e um dos pioneiros do rock em Campos — e que nasceu num dia 6 de maio, coincidentemente mesma data do evento este ano. E são várias as atrações. O evento traz, hoje, além de homenagem a Luizz, food trucks, cervejas artesanais, praça de alimentação, exposições de artes plásticas de artistas locais, lançamento de livros, vinil, grafite, teatro e sete bandas — F5, Bender, Blues Band Vidro, Anestesia of Beer, Varney, Angelo Nani e Avyadores do Brazyl.
Jardim Invisível foi atração no ano passado
Jardim Invisível foi atração no ano passado / Divulgação
Kiko Anderson falou sobre o cenário do rock em Campos nos últimos anos. “Hoje eu vejo o cenário muito aquecido. Existem muitas bandas, tendo algumas com mais de 30 anos de estrada, como o pessoal da Avyadores e da Blues Band Vidro, e, também, uma rapaziada muito boa chegando, com novas influências. Há cinco anos, por exemplo, havia menos pessoas criando, produzindo eventos. Hoje tem mais gente colocando a mão na massa”, disse ele, lembrando que os músicos da cidade enfrentam uma dificuldade:
— O cenário ainda é muito difícil, e principalmente para bandas autorais, pois essas têm dificuldade em tocar em casas noturnas, que querem algo mais comercial. A cidade tem um lado autoral bastante rico, e ele fica restrito a este tipo de evento que a gente faz, no peito e na raça. Assim a arte autoral tem espaço. Esta é uma das missões do Resistência Goitacá.
Ainda de acordo com Kiko, o evento é para promover, também, outras vertentes da arte. O Dia do Rock Goitacá começa às 14h, com oficina de teatro ministrada pelo ator Daniel Azeredo. Durante o evento, também há outras atrações: lançamento da coletânea de tirinhas “Fido Rex — Todos Os Poderes”, de Flávio Almeida, pela editora Mucufo; lançamento do livro de poesias “Útero”, de Gabriel Formaglio; exposição de desenhos de George Residüs; exposição de artes plásticas de Bia Dantas; encontro de vinil com colecionadores de discos, no Espaço Márcio Aquino; e grafite com Jhony Mr. Body.
  • G.O.A.T. Também se apresentou na última edição do evento

    G.O.A.T. Também se apresentou na última edição do evento

  • Organizadores do evento, Kiko Anderson e Romualdo Braga

    Organizadores do evento, Kiko Anderson e Romualdo Braga

Sobre Luizz Ribeiro, Kiko comentou: “Ele foi um cara de extrema importância, principalmente por se propor em fazer sua própria música numa situação que não era favorável: ainda na ditadura, nos anos 70, sendo negro, artista de rock and roll e em Campos, lugar ainda com pensamento bastante provinciano. A primeira banda de rock’n’roll registrada oficialmente na cidade foi Lúcia Lúcifer, primeira banda do Luizz Ribeiro. Em 1982, ele montou a Avyadores do Brazyl, importante banda na história do município. Luizz foi um marco de resistência na cultura rock’n’roll e tocou até os últimos dias de vida”.
Além da doação de alimentos e materiais de limpeza como ingresso, os roqueiros goitacás também exercitam a solidariedade com a campanha “Roqueiro Sangue Bom”. O objetivo é arrecadar doações de sangue para o hemocentro do Hospital Ferreira Machado.
Lei — O Dia do Rock Goitacá, Lei Municipal nº. 8.479, de 9 de outubro de 2013, foi aprovada pela Câmara Municipal, sendo uma homenagem a Luizz Ribeiro.

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