"Táxi Driver" no Cineclube Goitacá
Jhonattan Reis 25/04/2017 18:16 - Atualizado em 28/04/2017 12:14
“Estupendo”, “revolucionário”, “filme que conta com uma das cenas mais marcantes do cinema mundial de todos os tempos”. Essas são algumas das palavras e frases que o jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa usou para definir “Táxi Driver — Motorista de Táxi” (Taxi Driver, 1976), que será exibido nesta quarta-feira (26) à noite no Cineclube Goitacá. Indicado ao Oscar em quatro categorias (melhor filme, melhor ator, melhor atriz coadjuvante e melhor trilha sonora), o longa-metragem tem direção assinada por Martin Scorsese. Aluysio apresenta o filme às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center — na esquina da rua Conselheiro Otaviano com a Treze de Maio, no Centro. A sessão tem entrada gratuita.
Da obra, o apresentador da noite ressaltou a direção de Scorsese e a atuação de Robert De Niro.
— Considero Scorsese o maior cineasta vivo. Coloco ele certamente entre os 10 grandes do cinema falado. E Scorsese tem vários outros filmes estupendos, como “Touro Indomável” (1980), “Cabo do Medo” (1981), “Os Bons Companheiros” (1990), “Cassino” (1995) e “Gangues de Nova York” (2002) — disse Aluysio, continuando:
— O filme também tem interpretação visceral de um estupendo ator no auge, que é o Robert De Niro. Está entre as grandes atuações da história do cinema. Pode ser colocado ao lado de Marlon Brando, em “Um Bonde Chamado Desejo”, Bruno Ganz, em “A Queda” e Daniel Day-Lewis, em “Lincoln”. Além disso, há aquela cena clássica do De Niro, com um monte de arma, quando ele quer matar o senador. “You talk to me?”, ele diz na cena, que é tão clássica quanto Marilyn Monroe com a saia levantada. É uma das grandes cenas da história do cinema.
A história de “Taxi Driver” se passa em Nova York, onde Travis Bickle, um jovem de 26 anos (Robert De Niro), é um solitário no meio da grande metrópole, frustrado e alienado que alega ter sido recentemente dispensado do Corpo de Fuzileiros Navais. Ele, que sofre de insônia, começa a trabalhar como motorista de táxi no turno da noite. Em Bickle, vai crescendo um sentimento de revolta pela miséria, o vício, a violência e a prostituição, que estão sempre à sua volta.
Travis perde bastante noção quando leva uma bela mulher, Betsy (Cybill Sheperd), que trabalha na campanha de um senador, para ver um filme pornográfico logo no primeiro encontro. Porém, ele tem momentos de altruísmo ao tentar persuadir uma prostituta de 12 anos (Jodie Foster) para ela largar seu cafetão, voltar para a casa de seus pais e ir para a escola.
Em contrapartida, compra quatro armas, sendo uma delas uma Magnum 44, e articula um atentado contra o senador — que planeja ser presidente —, para quem sua amiga Betsy trabalha.
— Este filme, assim como todas as obras cinematográficas de Scorsese, vai girar em torno das mesmas questões: apogeu, queda e redenção. Um personagem chega no auge, depois tem uma queda e, no final do filme, há a redenção. Também tem uma narrativa que traz muito do cinema independente dos anos 60 e 70.
Aluysio contou uma história inusitada, sobre a primeira vez que viu o filme.
— Eu tinha nove ou 10 anos. Nessa época, havia apenas uma televisão em cada residência, e não uma por cômodo como hoje. No apartamento onde eu morava, a televisão ficava na sala e todos tinham que dividi-la. Eu sempre gostei muito de cinema. Porém, estudava de manhã e, como tinha que acordar cedo, minha mãe ficava regulando meu horário, sendo que havia censura e os filmes que não tinham característica “Sessão da Tarde”, mais “água com açúcar”, só passavam de madrugada. Basicamente somente nos finais de semana que eu poderia ficar até mais tarde e ver uns filmes melhores.
Porém, em 1982, no governo estadual de Chagas Freitas, houve uma contaminação de chumbo no rio Paraíba do Sul, lembra ele.
— Chumbo é tóxico, e, com a água contaminada, aconteceu uma coisa em Campos que pareceu situação de filme dos Estados Unidos: as aulas foram interrompidas e as crianças todas mandadas para fora de Campos. Eu, como disse, com nove ou 10 anos, fui uma delas — rememorou Aluysio, que acrescentou:
— Fui, então, para a casa de um tio, irmão mais novo do meu pai, em Niterói. Lá, para minha surpresa, eu tinha uma televisão só para mim, no meu quarto, sendo que não precisava acordar cedo, pois não estava tendo aulas. Eu, então, virava as madrugadas vendo o “Corujão”, e, numa dessas noites, vi “Taxi Driver” pela primeira vez.
Sobre as impressões ao final do filme, ele lembra bem.
— Recordo que foi um filme que abriu minha cabeça. Vi que cinema não era entretenimento, mas algo além disso. Para mim, foi um filme muito importante, que me abriu a cabeça para o que pode ser realmente cinema.

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