"O Gabinete do doutor Caligari" no Cineclube Goitacá
Jhonattan Reis 11/04/2017 17:11 - Atualizado em 13/04/2017 13:07
Expressionismo alemão será um dos assuntos abordados na noite desta quarta (12) durante a sessão do Cineclube Goitacá, que exibe “O Gabinete do Doutor Caligari” (Das Cabinet des Dr. Caligari, 1920). O longa-metragem tem direção do alemão Robert Wiene. A apresentação é do professor, crítico de cinema e escritor Aristides Soffiati. A sessão inicia às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center — localizado à esquina da rua Conselheiro Otaviano com a Treze de Maio, no Centro. A entrada é gratuita.
Aristides explicou o motivo da escolha do filme.
— Escolhi “O Gabinete do Doutor Caligari” porque este filme é o fundador do expressionismo alemão. É uma obra muito antiga, feita em 1919 e lançada em 1920. É um filme que revolucionou pelas maquetes e pelo cenário, inspirados no cubismo. É uma grande oportunidade para os cineclubistas assistirem a esta obra e apreciarem um filme que criou uma linha cinematográfica e influenciou muitas outras obras. Sou pedagógico neste sentido. Gosto de mostrar a origem dos movimentos cinematográficos.
Na trama, Francis (Friedrich Feher) e seu amigo Alan (Hans Heinrich von Twardowski) visitam o gabinete do Doutor Caligari (Werner Krauss). Lá, eles conhecem Cesare (Conrad Veidt), um homem sonâmbulo que diz a Alan que ele morrerá.
Assim acontece. Alan acorda morto no dia seguinte, o que faz com que Francis suspeite de Cesare. Francis, então, começa a espionar, com a ajuda da polícia, o que o sonâmbulo faz. Para descobrir todos os mistérios, Francis acredita só haver uma solução: entrar no misterioso gabinete do Doutor Caligari.
Desta obra, Soffiati destacou a cenografia e a atuação.
— O cenário é marcado pelo cubismo, pelo movimento cubista da pintura. É bem diferente. E o claro-escuro, as sombras, tudo é muito típico do expressionismo. O impressionante é que o filme é antigo, ainda em preto e branco, e tem um cenário que é muito revolucionário para a época, com uso de técnicas que já não se usa mais. Acho que isso traz algo diferente ao expectador, porque a gente está acostumado com filme a cores, em 3D — comentou, emendando:
— E os atores têm um ótimo trabalho. O filme tem uma linguagem teatral. Os atores, como não podiam falar, por conta dessa impossibilidade de sincronia de fala e vídeo à época, compensaram essa lacuna com o corpo.
O apresentador da noite também explicou que “O Gabinete do Doutor Caligari” é o filme de maior destaque de Robert Wiene.
— É interessante que esse diretor nunca mais fez um filme com essa mesma expressão. Tudo o que ele fez antes ou depois desta obra não foi tão relevante. Também interessante lembrar que houve uma refilmagem deste filme em 2007, mas não teve o mesmo sucesso, não ganhou a mesma reputação. Este que vamos assistir no Cineclube é simplesmente um filme clássico.
Nesta noite, segundo Aristides, os cineclubistas podem esperar um conhecimento do passado.
— É possível observar coisas que as pessoas não valorizam mais diante do avanço das técnicas cinematográficas. Hoje em dia só falta os personagens saírem da tela e vir conversar com você, como num filme clássico do Woody Allen, em que o personagem sai da tela e vai conversar com a pessoa que está na plateia. Esses filmes são bastante antigos, mas eles podem nos falar muita coisa importante.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS