Jhonattan Reis
04/04/2017 17:44 - Atualizado em 06/04/2017 13:33
Tom Jobim / Divulgação Em homenagem ao compositor Tom Jobim, que completaria 90 anos de nascimento este ano, o Cineclube Goitacá exibe, na noite desta quarta-feira (5), o documentário “A Luz do Tom” (2012), do diretor Nelson Pereira dos Santos. O filme é uma escolha do pesquisador e professor Marcelo Sampaio, apresentador da noite. A sessão começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center — na esquina da rua Conselheiro Otaviano com a Treze de Maio, no Centro. A entrada é gratuita.
— Eu gosto muito deste documentário porque, primeiro, acho ele de uma sensibilidade visual impressionante. Há tomadas aéreas que trazem vários elementos da natureza, e o Tom era um apaixonado pelas árvores, pelos pássaros. É também altamente emocionante ver os três principais depoimentos, que são da irmã do Tom, Helena Jobim, da primeira mulher dele, que foi a Thereza Hermanny, e a segunda e última mulher de Jobim, Ana Lontra — comentou Sampaio, acrescentando:
— Esses três depoimentos são riquíssimos. A Thereza fala do início da carreira do Tom; a Ana relata sobre o final da carreira dele; e a irmã, Helena, que é muito parecida com ele fisicamente, conta passagens de Tom quando criança, coisas sofre a infância dele que são muito emocionantes. É tudo de uma delicadeza impressionante. Outra questão é a locação principal das cenas, que é o Jardim Botânico, um lugar por onde Tom era apaixonado.
Marcelo Sampaio adiantou que vai levar aos cineclubistas curiosidades sobre Tom Jobim. Ele também destacou que “A Luz do Tom” conta fatos inusitados sobre vida e obra do compositor.
— Foi vendo este documentário que soube do processo de composição da música “Águas de Março”. Ela, na verdade, começou com um lamento de Tom. Era mais uma manifestação de cansaço do que um momento de inspiração. A primeira mulher dele, Thereza, explica no depoimento dela. Os dois moravam em um apartamento pequeno em Ipanema à época. Tom estava sentado no sofá e reclamava da vida: “É pau. É pedra. É o fim do caminho”. Thereza, que estava deitada no quarto, disse: “Isso aí dá música, hein, Tom. Tenta colocar melodia e faz uma música disso”. Tom não foi dormir naquela noite. Quando amanheceu o dia seguinte, estava composta “Águas de Março”, que é uma dos clássicos do repertório jobiniano.
O apresentador da noite falou, ainda, sobre a relação entre o livro “Antonio Carlos Jobim: um Homem Iluminado”, de Helena Jobim, e o documentário “A Luz do Tom”.
— O livro é uma biografia sobre Tom e foi muito usado como base para criação do roteiro, que é do próprio Nelson, com co-autoria da Miúcha Buarque de Hollanda, irmã do Chico. “A Luz do Tom” até usou alguns pontos do livro, mas ele nunca quis ser uma espécie de filmagem da obra escrita. O livro é mais completo e se atém a alguns detalhes, sendo uma das fontes de pesquisa para o filme.
Sampaio também contou que haverá uma surpresa após a sessão.
— Sempre costumo, depois dos documentários, colocar alguém relacionado à obra no telefone, pelo viva-voz, para abrir os debates. Será uma surpresa para quem comparecer — falou ele, que ressaltou, ainda, a relevância de Tom Jobim para a música.
— É necessário lembrar sempre deste grande compositor. Todos nós, principalmente os brasileiros, precisamos prestar homenagens a este gênio da música popular do nosso país.