Márcio Reinaldo fala sobre fim de parceria
Matheus Berriel 31/03/2017 20:01 - Atualizado em 01/04/2017 20:19
Há duas semanas, a torcida do Campos Atlético Associação foi surpreendida com o fim da parceria com o Campos Atlético Clube, antigo Carapebus, que marcou a ascensão meteórica do Roxinho nos últimos anos, com dois acessos consecutivos nas Séries C e B do Campeonato Estadual. Em entrevista à Folha, o presidente do clube, Márcio Reinaldo, contou os motivos que o levaram a optar pelo término do vínculo, encerrado após o rebaixamento na Série A deste ano. O principal foi o interesse antigo em ter registro próprio na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), que se tornou possível devido à considerável redução da taxa de filiação.
— Quando o Campos voltou ao futebol profissional, a taxa era de R$ 530 mil. Muitas pessoas confundiram, acharam que esse valor era de dívida, mas, não. Era a taxa de filiação. Então, optamos por firmar a parceria com o Carapebus, que já tinha o registro, enquanto a gente tinha a estrutura para participar da Série C de 2015. Neste ano, fomos informados que o valor de filiação caiu para R$ 25 mil. Então, manifestei o desejo de tentarmos o nosso registro. Apresentei isso ao Conselho Deliberativo e ficou decidido que a gente faria a nossa filiação — disse Márcio Reinaldo, que está na presidência do Campos há oito anos.
Na prática, o fim da parceria custou caro ao Roxinho. Ao invés de disputar a Série B1, terá que recomeçar o trabalho na Série C, equivalente à quarta divisão. Ainda faltam detalhes para que seja confirmada a participação no torneio, que terá início em julho. “Só podemos falar oficialmente depois que o registro estiver concretizado, quando a Ferj publicar no Diário Oficial. Só então vamos começar os trabalhos, montar a estrutura. Por enquanto, estamos sendo cautelosos. Precisamos explicar para o torcedor que estamos numa fase de processos. Dentro de poucos dias, o registro deve ser autorizado pelo presidente da federação”, enfatizou o presidente.
A boa relação com a torcida, aliás, é um fator importante para o presidente, visto que ela teve papel essencial nos acessos de 2015, para a Série B, e de 2016, para a elite do futebol do Rio. A diretoria do Roxinho está esperando a confirmação da filiação à Ferj para falar com detalhes sobre os planos do novo ciclo. Um dos objetivos, claro, é o de alcançar novamente as divisões superiores.
— Já estava havendo algum tipo de cobrança para o Carapebus se tornar Campos Atlético Associação. Então, tenho recebido o apoio da torcida. Grande parte dos torcedores entendeu o fim da parceria, principalmente os mais apaixonados. Agora, vamos fazer o que tiver que ser feito para que haja uma reaproximação. Vamos convocar todo mundo, conversar e iniciar os trabalhos. Quem sabe em três anos o Campos chegue lá em cima de novo — falou, confiante.
Enquanto não estiver tudo certo para a disputa da Série C, Márcio Reinaldo prefere não falar sobre a montagem do elenco, se limitando a dizer que está analisando o mercado. “Precisamos dar um passo de cada vez, sem avançar muito, porque podemos esbarrar em algum problema e não queremos anunciar nada sem ter certeza”, enfatizou.
O mesmo vale para a escolha do substituto de Rafael Soriano no cargo de treinador. Quanto ao comandante anterior, não ficaram mágoas por sua saída. Pelo contrário, só gratidão. “As coisas mudam. O Soriano tem que seguir a carreira dele, tomou sua decisão, vai em busca do seu futuro. A gente agradece muito pelo tempo que ele ficou aqui. Foi muito importante em todo o processo. Só temos a agradecer. Mas, ele deseja seguir o caminho dele, e isso é natural dentro do futebol”, afirmou.
Um dos principais desafios do Campos na retomada será o de conseguir apoio financeiro, logístico e estrutural. Por isso, Márcio Reinaldo comemorou a iniciativa do prefeito Rafael Diniz, que na última quarta-feira (29) esteve reunido com dirigentes do Roxinho, do Americano e do Goytacaz, e firmou um Protocolo de Intenção que prevê medidas para resgatar a tradição do futebol campista.
“Principalmente para quem está começando, isso é muito importante. Na ausência do poder público, fica ainda mais difícil trabalhar com o futebol, porque se gasta muito e não tem receita. O prefeito disse para endereçarmos ofícios com nossas necessidades. Agora, vamos aguardar para ver a concretização, a prática da conversa que a gente teve, que acredito que venha a ser muito proveitosa”, falou.
Uma das pautas da reunião foi a ideia de que o estádio Ary de Oliveira e Souza, o Aryzão, que pertence ao Goytacaz, receba os jogos dos principais clubes campistas nas competições de 2017. Porém, a prioridade entre as pedidas do Roxinho é a de conseguir melhorias para o seu estádio, o Ângelo de Carvalho, no Parque Leopoldina, onde a diretoria deseja que aconteçam os jogos em que o clube for mandante, seja na Série C ou em qualquer outra competição.

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