Eleições na Uenf: buscando equidade e fugindo de anacronismos
04/09/2019 14:13 - Atualizado em 04/09/2019 14:19
Raul, Carlão e Enrique (Fotos de Isaias Tinoco, arte de Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Raul, Carlão e Enrique (Fotos de Isaias Tinoco, arte de Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
As eleições na Uenf irão para o segundo turno. O professor Raul Palacio, candidato a reitor pela chapa 10 “Cada vez mais Uenf: Inovadora e Participativa”, recebeu 41,70% dos votos, percentual inferior aos 50% exigidos pelo estatuto da universidade, sendo necessário novo pleito que será realizada no dia 14 deste mês. A outra vaga na disputa será definida no critério desempate entre os outros dois candidatos, os professores Carlão Rezende (chapa 11, “AvançaUenf: Ciência e Sociedade”) e Enrique Medina Acosta (chapa 12, “Uenf Renova”) que empataram, com 28,52% dos votos (leia mais no blog Opiniões de Aluysio Abreu Barbosa), que deverá ser definido hoje (04) às 14 horas.
Este blog entrevistou duas das chapas concorrentes, dos candidatos Carlão e Enrique, antes das eleições. O contato foi feito pela mesma via com as três chapas. Na ocasião, foi aberto o espaço para todos os concorrentes e publicado as duas entrevistas que responderam as perguntas enviadas. Na última segunda (02), a chapa “Cada vez mais Uenf", do professor Raul, vencedora do primeiro turno ontem, enviou ao blog suas posições sobre os questionamentos enviados anteriormente. 
A entrevista contendo as mesmas perguntas feitas às outras chapas pode ser conferida aqui, nesta publicação, mantendo a isonomia e equidade necessárias ao jornalismo e buscando manter-se fiel a essas mesmas premissas presentes na linha editorial deste blog e da Folha. A decisão de publicá-la após a eleição se deu para não incorrer em um anacronismo injusto com o processo eleitoral.
Confira a entrevista completa:
Blog - Existe um documento que dá origem a UENF escrito por Darcy Ribeiro em 93, um “Plano Orientador”. Está lá na página 8, ainda em seu preâmbulo, que a UENF “há de ser, no mundo das coisas, tal como a história a fará”. A história da UENF foi escrita corretamente até aqui? Existem correções de rumo?
Chapa Cada vez mais Uenf -A História mudou muito o rumo original da UENF, muitas das ideias originais esbarraram na prática cotidiana. O modelo de gestão e o projeto pedagógico dos cursos de graduação estão entre as maiores modificações feitas. Por outro lado, o grande diferencial da DE permaneceu, esta é a espinha dorsal do modelo, que garante que tenhamos uma comunidade 100% comprometida única e exclusivamente com a Universidade e, a partir desse compromisso, pensar a atualização da universidade frente à realidade. Sempre temos que atualizar e melhorar nossas práticas. Recentemente revisamos o PDI num grande esforço coletivo, envolvendo todos os Laboratórios. Também atualizamos várias legislações internas, com participação ativa dos colegiados, Assessoria Juridica e Auditoria Interna, de modo a melhorar nossas práticas. Muito ainda precisa ser feito, mas o fundamental é que seja feito com a participação da comunidade e respeito aos órgãos colegiados.
Blog - A universidade dialoga com o “mundo das coisas” satisfatoriamente?
Chapa Cada vez mais Uenf - Sim, muitas das pesquisas têm aplicação imediata e principalmente os projetos de extensão, que são muitos, dialogam diretamente com questões práticas.
Blog - Oferece soluções ao cotidiano? Deverá a UENF se aproximar mais com a sociedade?
Chapa Cada vez mais Uenf - Sempre é possível melhorar, mas é inegável que o diálogo com a sociedade tem melhorado também. Mais uma vez, a extensão é a principal forma de interlocução com a sociedade, e a Uenf tem, proporcionalmente, o mais robusto programa de extensão entre as universidades públicas, que a faz presente em toda região e em quase todo o Estado. Também a graduação, presencial e semi-presencial, com participação da UENF em 10 polos regionais do CEDERJ, intensifica esta interlocução.
Blog - Ainda no mesmo documento, foi citado por Darcy que a UENF deveria dispersa-se pela região, implantando centros de ensino nas cidades do Norte Fluminense. Quais empecilhos existem para o cumprimento desse objetivo?
Chapa Cada vez mais Uenf - O grande empecilho existente, que afeta este e outros aspectos do desenvolvimento da UENF, é a falta de maior autonomia. Embora conquistada no parlamento e introduzida na Constituição Estadual, a autonomia de gestão financeira, na forma de duodécimos, ainda não foi aplicada na prática. Nem o governo anterior, nem o atual cumpriram a Constituição, o que deixa claro que os duodécimos foram uma conquista alcançada apesar dos governos e até de alguns grupos internos, que trabalharam contra sua aprovação. Hoje há inclusive uma representação junto ao Ministério Público para obrigar o Governo a cumprir a constituição. Para além dos duodécimos, é preciso também destravar os sistemas de gestão, para que possamos exercer plenamente a execução financeira.
Blog -  Como a UENF pode atuar mais significativamente no desenvolvimento do Norte Fluminense?
Chapa Cada vez mais Uenf -Chegando ao tamanho proposto inicialmente. Hoje a UENF ainda é metade daquilo que deveria ser. Bem como fortalecendo o campus de Macaé e abrindo mais dois campi na região.
Blog - Saindo da estratégia e indo para a práxis do campus, como a chapa buscará solucionar os problemas financeiros da universidade? Como contratar novos professores e oxigenar a academia, incluindo o auxílio à pesquisa, com as dificuldades orçamentárias da UENF, como acontece com outras universidades públicas do país?
Chapa Cada vez mais Uenf - Mais uma vez, a ampliação do conceito da autonomia de gestão, para incluir a vinculação orçamentária, além dos duodécimos e do acesso a todas as funcionalidades dos sistemas de gestão do Estado, pode garantir a capacidade necessária de planejamento para alcançar a solução dos problemas apontados. Foi assim que as estaduais paulistas alcançaram o topo em todas as avaliações que se faça.
Blog - Como a chapa analisa as diretrizes da educação no governo Bolsonaro?
Chapa Cada vez mais Uenf - A única diretriz do Governo Federal parecer ser de acabar com tudo que existe no País. A consequência pode ser o fim do próprio País.
Blog - Muitas declarações do ministro da educação e do próprio presidente antagonizam com o ensino superior público, acusando vocês de ideologismos voltados à esquerda. Como a UENF pode participar desse debate público?
Chapa Cada vez mais Uenf - Participando deste Blog, por exemplo. A UENF também tem participado de debates na Assembleia, no Congresso, na televisão, nos jornais, enfim, temos ocupado cada vez mais espaços, e pretendemos ocupar ainda mais. Mas, é importante que se diga, a Universidade Pública, UENF entre elas, abriga também liberais e direitistas.
Blog - A academia deve sair de suas “bolhas” e ir às ruas dialogar com o homem comum?
Chapa Cada vez mais Uenf - Essa "bolha" não existe. Talvez tenha existido no passado, mas não existe mais. É claro que o diálogo sempre pode melhorar e se intensificar, mas isso já vem ocorrendo, qualquer dúvida pode perguntar a comunidade do entorno a UENF em particular ou a comunidade campista em geral
 
 
 
 

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    Edmundo Siqueira

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