Sublime Vazio...
- Atualizado em 06/02/2019 21:23
 
Todo começo de ano paramos para refletir sobre a nossa vida. Começamos algumas mudanças, mas depois é acionado o automático e ficamos novamente no “velho” hábito da normalidade, do corre corre...
Porém, há um tempo em que é preciso tirar a roupa velha que já tem a forma do nosso corpo, para que possamos fazer a travessia... senão, corremos o risco de ficarmos a margem de nós mesmos...
E então... sem julgamentos, valoramos e analisamos nossa vida... Refletir o que temos de mais ou de menos, pensar em tudo que andamos guardando, tanto no mundo exterior, como no interior.
A milenar sabedoria oriental ensina que é preciso deixar espaço vazio para criar o novo.
Ninguém consegue colocar um móvel no lugar onde outro já se encontra. É simples assim.
Somente se desfazendo do que se tornou inútil, sem valor, podemos ir em frente e nos renovar.
Assim como não se corre atrás do vento, temos que abrir espaço para refrescar a alma, deixar de pensar no que nos decepcionou, nos amargurou ou nos deixou triste...
Deixemos o vento correr, arejar, sentir uma nova brisa acariciando e perfumando nosso corpo e nossa alma.
É a força imensurável do vazio. O vácuo tem a incrível capacidade de atrair coisas boas inéditas e trazer trepidantemente o novo. Que pode ser o “velho”, porém revigorado em energia. Mas se acumularmos objetos inúteis em casa e sentimentos negativos no coração, não sobra canto desocupado para o sublime vazio... e então nada acontece...
Pior ainda é quando guardamos por guardar, é como se não valorássemos o que temos.
A implacável lei de que é dando que se recebe, nos clarifica sempre, que quem doa sempre ganha.
Ganha por ter a consciência tranqüila do dever cumprido, do ajudar ao próximo, da escolha consciente...
Aproveite que 2019 já chegou e limpe as gavetas, armários, prateleiras, estantes e doe tudo aquilo que não serve pra você, mas que poderá ser uma grande alegria para outra pessoa. Aproveite e faça uma faxina igual nas suas emoções, no seu coração, na sua vida... Não guarde raiva, nem rancor, não gaste energia com o que não faz mais sentido... isso acorrenta a vida. Não se permita ser um depósito do “lixo emocional” dos que te cercam... Abra espaço e sinta a renovação do sublime vazio... que sempre nos traz a relativização do que realmente importa e tem valor em nossas vidas. A vida tem a cor que pintamos...
Um coração aprendiz está sempre pronto para qualquer desafio, disposto a tirar alguma lição...
Neste sentido, abrir espaços dentro de nós mesmos significa nos mantermos jovens! Não apenas jovens fisicamente, pois a saúde é imprescindível, mas principalmente jovens de espírito!!! Prontos para experimentarmos o novo, o que nunca fizemos, para nos lançarmos sem medo nos nossos desejos, ou nas mais simples coisas da vida, como correr, andar de bicicleta, cavalgar, nadar, pescar... porque não??? O vazio nos abre infinitas possibilidades de refrescar o gosto, o fazer e de sairmos da comodidade que nos deixa sempre na linha de conforto. Se arriscar faz bem ao coração, fazer o percurso invertido, nos deixa mais atentos, olhar o mundo com outras cores, muda a paisagem... ou seja se reinventar...
É isso que nos deixa bem, nos deixa vivos!!!
Muitas vezes é preciso sentir saudade de nós mesmos, para que possamos nos resgatar, nos revisitar e nos reconhecermos diante de nós mesmos... e é no sublime vazio, sem obstáculos ou censura, que podemos nos encantar olho a olho com nós mesmos, e então olhar para frente, enxergar o que somos, o que queremos ser e caminhar ao nosso encontro... experimente você com você mesmo, se esvaziar, sem censuras, refletir, para se reinventar novamente...
E por isso... os INTERVALOS são imprescindíveis... O intervalo dá pausa, nos faz parar para pensar, nos ajuda a reconhecer tudo de maravilhoso que temos... e sermos gratos! Mas penso, que sua principal missão é podermos olhar para dentro de nós e enxergarmos nossas misérias! Sim, olhar silenciosamente para nossas misérias, e tentarmos acertar o passo e o melhor compasso para uma vida simples, porém feliz... Sempre penso muito nisso... Na simplicidade das coisas... Poder sentar com a cadeira na “lagoinha” do mar, sentindo o cheiro de maresia, com a água indo e voltando a molhar nossos pés, fitando o horizonte e o pensamento livre, nas estrelas... Não há felicidade maior... E depois, um bom mergulho, furar ondas, submergir, sentir a sensação de liberdade com o sol acariciando a pele...
Então vamos nos permitir os intervalos da vida, sem pressa... eles são imprescindíveis.
Desejo a todos uma semana refrescante, de bons ventos, aproveitando todos os intervalos da melhor forma possível... e de sublimes vazios para todos...
Com afeto,
Beth Landim

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    Elizabeth Landim

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