Cine Memória
27/01/2019 12:59 - Atualizado em 27/01/2019 21:25
NinoBellieny*
Ao escrever sobre a partida para as estrelas da amiga Cláudinha Arenari, (rever AQUI), uma tempestade de recordações veio à minha casa. Ao procurar pela etiqueta da butique Via Veneno, e o cartão de visitas da Pipes Surf Shop, procurei nos meus arquivos reais, agendas, diários, fotos, e assim encontrei outros tesouros pessoais, aliás todos parte de um perfil chamado MuVi-MuseuVirtual, feito por mim e diversos amigos, com fotos de paisagem, gente e objetos, das cidades de Campos dos Goytacazes, ( incluindo distritos), Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Cachoeiro de Itapemirim, Rio, Cardoso Moreira, Macaé e até de Foz do Iguaçu onde também morei nos Anos 1990. 
A página era bem visitada e foi matéria de jornais e revistas. Nada adiantou. Com a morte do Orkut, ela foi junto. Nessa Era Digital, fotos são tiradas por uma única pessoa, às milhares por dia. Reveladas instantaneamente, são postadas nas redes ou arquivadas em celulares, tablets e semelhantes, sem nenhuma garantia de existirem em um futuro não muito distante.
Essa desmemória não faz muita diferença no imediato, porém como serão as recordações?
A qualidade das fotos impressas nem sempre é a mesma das feitas ao modo antigo, porém de longe é a melhor alternativa, guardando-as apropriadamente. Profissionais do setor, artistas gráficos, fotógrafos experimentados, sabem disso. São as exceções .
No mais, a produção é ilimitada, mas feita para acabar, como aliás tudo é, mas não tão rápido por favor.
Acabou o relacionamento? Apagam-se as fotos. Não gostou do visual? Deleta, faz outra, faz outra deleta.
Isso explica a descalcificação do amor, afinal, a própria mente se adapta a apagar com facilidade as dores e os prazeres de se olhar um retrato. Adapta-se superficialmente, nas profundezas da alma não sobra luz com tanta confusão.
Retrato... dizíamos: "Vamos tirar um retrato?" e dizemos: "Vamos fazer uma selfie?" e a fazemos. 
Para daqui a pouco dissolver-se, como amores líquidos, ditos por Zygmunt Bauman, pensador de profunda sensibilidade, ao perceber sabiamente e saber descrever, a sociedade fluída, que não cria formas definidas e fixas, transformando-se o tempo todo, gerando incompreensões, egoísmos, tristezas e depressões, o ser voltado somente para si mesmo, sem conseguir reconhecer um lugar que seja dele, mas em parceria constante com os que estão em volta, não para trocar curtidas, compartilhamentos e comentários, mas afeto genuíno.
*Na imagem abaixo, um recorte do jornal Folha da Manhã, de 7 de janeiro de 1982, coluna da Marcia Angela, em que ela agrade a um leitor. Leitor este agora revelado, querida Márcia: eu.
 
 
 
 

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