Sino de esperança a pacientes oncológicos
Verônica Nascimento 06/08/2018 16:18 - Atualizado em 07/08/2018 14:10
  • Sino da esperança no HEAA (Foto: Antônio Leudo)

    Sino da esperança no HEAA (Foto: Antônio Leudo)

  • Sino da esperança no HEAA (Foto: Antônio Leudo)

    Sino da esperança no HEAA (Foto: Antônio Leudo)

  • Sino da esperança no HEAA (Foto: Antônio Leudo)

    Sino da esperança no HEAA (Foto: Antônio Leudo)

“Nem sei explicar direito. Nunca estive tão ansioso em minha vida. Estou feliz, emocionado. É uma sensação diferente, sensação de vida. A gente chega aqui e descobre o valor real das coisas. Aqui, todos os funcionários nos tratam com carinho e esse carinho acaba virando amor. Tocar esse sino me faz sentir um vencedor”, falou Antônio Aylton Coelho, morador de Guarus, que mês que vem faz 58 anos e, como presente antecipado, tocou o “sino da esperança” do setor de radioterapia do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA). O ato virou uma espécie de ritual dos pacientes oncológicos que, como Antônio, vencem uma das etapas do tratamento contra o câncer.
— O sino da esperança é um modelo copiado de outros hospitais oncológicos, que trouxemos para o setor de radioterapia. O paciente que recebe alta das sessões toca o sino e anuncia uma superação, faz barulho para mostrar a outros pacientes que todos vão alcançar essa fase, dando esperança ao próximo. Aqui não é o setor de cura; é um setor de cuidado, mas as chances de cura são maiores com o fortalecimento do psicológico. Falam muito em humanização do atendimento na saúde, mas a humanização começa com o comprometimento do médico, da equipe com o paciente, com o respeito ao horário, com a observação dos efeitos colaterais do tratamento, com o acompanhamento. O sino é mais do que isso; o sino é esperança — explicou o físico médico, responsável pelo setor de Radioterapia do HEAA, Paulo Garcia.
O sino da esperança foi instalado há dois meses e, segundo Paulo, foi tocado por mais de 100 pacientes. Atualmente, 66 fazem sessões diárias de radioterapia no setor implantado há três anos no Álvaro Alvim. “Fazemos, todas as sextas, um café da manhã para nossos pacientes, como uma forma de promover aproximação entre eles, entrosamento. Buscamos nos colocar no lugar do paciente, imaginar pelo que ele vai passar, para garantir a humanização, começando com o respeito ao horário do atendimento, e vamos além, porque sabemos que o estado emocional influencia na produção de hormônios e substâncias que podem resultar em algo bom ou não para o organismo. Daí o sino da esperança”, complementou o físico.
Oncologista do HEAA aplaude a ideia do sino da esperança. “O tratamento de um câncer é pesado no sentido de o paciente precisar seguir etapas. Tem pacientes que chegam a fazer cinco semanas de sessões de radio e chegam ao fim com a maior energia, animados para tocar o sino, que é o símbolo de uma etapa vencida e um estímulo para quem está começando o tratamento”, declarou o médico Frederico Paes Barbosa.
Tratamento custeado pelo SUS é maioria
Noventa por cento dos pacientes de radioterapia são provenientes do SUS e o setor do HEAA fez parte, por mais de um mês, da rotina diária do paciente Nelson Nochi Emerick, 73 anos, morador de Macaé. Ele foi o primeiro a tocar o sino da esperança na última sexta-feira. “Cheguei a pensar em alugar uma casa em Campos, imaginando que haveria dificuldade com horário, mas o atendimento aqui é excelente, há um grande respeito e atenção com o paciente, e acabei vindo todos os dias para a sessão. Um vizinho me traz e leva de carro. Hoje, não via a hora de acabar a sessão e tocar o sino, para marcar a última etapa, para mostrar que, enquanto há vida, há esperança. Tocar o sino, para mim, foi mostrar minha disposição de lutar contra a doença e minha fé em ver essa situação resolvida”, contou o aposentado.
O físico médico responsável pelo setor de radioterapia se sente orgulhoso em contar a história de um colega que deu nome ao hospital escola. “Álvaro Alvim foi o primeiro físico médico do país. Carioca, ele estudou na França e foi o primeiro especialista no tratamento de câncer no Brasil. Ele inclusive perdeu membros, dedos, por manipular radioisótopos (isótopos radioativos) para tratar os pacientes com radiação. Hoje, com técnicas e equipamentos modernos, o tratamento é seguro, mas é uma honra trabalhar no hospital que tem o nome dele”, disse Paulo Garcia.

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