“A intervenção federal no Rio de Janeiro já é um fracasso”. Essa é a opinião dos palestrantes que participarem do Seminário “Violência e Cotidiano: Debate sobre intervenção federal no RJ”, realizado nesta quarta-feira na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). O seminário faz parte das comemorações dos 25 anos da Uenf e contou com a participação dos professores Luciane Silva, especialista em Segurança Pública, Edson Corrêa, professor de física da Uenf, e o convidado especial para o debate, o policial federal, professor e vereador do município de Niterói, Sandro Araújo.

Todos foram categóricos em afirmar que não são a favor da intervenção federal. O policial Sandro Araújo diz que os policiais são um reflexo da sociedade e que os gestores da Segurança Pública deveriam responder, cada vez que um policial é abatido.

— Sou policia de rua. Vivo o dia a dia e sei dos problemas do Rio de janeiro. Não sou a favor da intervenção, por achar que é uma cortina de fumaça que em nada diminuirá os verdadeiros problemas que levam à insegurança, dentre eles, a urgente necessidade de mudar as estruturas das polícias, não apenas do Rio, mas de todo o Brasil. A polícia hoje deve ser aliada da tecnologia. Precisa de objetividade e celeridade. Coisas que a estrutura policial atual teria que fornecer. E diante disso, vai acontecer, na próxima terça-feira, uma audiência pública com o general do Exército, Braga Neto — disse o vereador.

O professor de física da Uenf, Edson Correa, também não concorda com a intervenção por achar que faltam políticas públicas rigorosas. “É preciso ter inclusão social, acabar com os preconceitos, as discriminações, para que a segurança seja compartilhada. Enquanto isso não acontecer, vamos continuar com o exército nas ruas do Rio”, disse o professor.

Luciane Silva afirma que a intervenção não vai mudar as estatísticas da violência no Rio. “A intervenção teve início em fevereiro e até agora não vimos diferença, pelo contrário, estamos vendo pessoas morrendo, com foi o caso da vereadora Marielle e do motorista Anderson. Meu grande medo é que não tenhamos investigação desses dois assassinatos”, pontuou a professora.