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paulavigneron 11/09/2016 21:54
  [caption id="attachment_100" align="aligncenter" width="414"]A persistência da memória Obra "A persistência da memória" (1931), de Salvador Dalí[/caption]  

Sexta-feira. Duas e quarenta e cinco. O último pedaço de frango escapou mais uma vez do garfo, que o espetou em seguida. Com as mãos brancas, ele levou o alimento à boca e depositou os talheres sobre o prato.

Em 15 minutos, estaria em casa. Expectativas para o final de semana. Levantou-se vagarosamente. Colocou o guardanapo sobre a mesa. Empurrou, com a panturrilha, a cadeira branca de plástico, levemente manchada. Não reparou o homem que havia se posicionado à sua frente.

Ergueu a cabeça para pedir licença e desejar-lhe um bom fim de semana, com seu sorriso torto de malandro.

Respirou.

Abriu a boca.

A cabeça e a arma.

A arma na cabeça.

Suspiro.

Amigo, leve o que quiser, mas não atire.

O barulho do gatilho. Eco do pedido não atendido. O sangue jorrando enquanto a mão furtiva roubava o celular e o dinheiro do almoço. Os olhos parados diante de outros olhos apavorados e questionadores e revoltados pelo homem que havia se transformado em estatística.

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