Fundação Rural, parte do povo
lucianaportinho 29/06/2013 18:30
[caption id="attachment_6584" align="alignleft" width="300" caption="Ft. Folha da Manhã"][/caption] Fundada no ano de 1966, a história da Fundação Rural de Campos é também a história de Campos, é ainda a história do esplendor e da decadência rural na planície e regiões norte e noroeste fluminenses. A força do campo é tanta na vastidão dos campos que forneceu o registro da Campos dos Goytacazes. Verde era a cor predominante na paisagem do município que tem sua memória humana misturada a do cavalo e a da boiada. Antes, em 1954, a fundação foi Associação Rural. O primeiro a ocupar a presidência da FRC foi Rubens Venâncio — de 1968 a 1980. Junto a ele na vice-presidência, João Sobral.  Datam da gestão dos dois as realizações anuais das exposições agropecuárias. O comerciante e vice-presidente da FRC por 19 anos, João Sobral, considerava a Exposição Agropecuária a “Festa do Trabalho”, por reunir o comércio, a indústria e o setor agropecuário. Tem como missão institucional, “A promoção do desenvolvimento econômico e social regional, com ênfase no propósito da pecuária e agricultura, resgatando valores e tradições, por meio de uma nova gestão coesa e sólida”. Ouvir os ex-presidentes falarem do significado da Fundação Rural de Campos, é se deixar impregnar do banzo unânime por uma Campos que luta por preservar um tanto da Campos que passou. Um deste grupo de ex-presidentes, José Carlos Menezes, atual presidente da Fundenor aponta a nossa relevância na equino-cultura nacional. “Ela é inconteste. Há a cela campista, o laço campista, o estribo e a espora campistas. Fomos formadores de grandes cavaleiros e adestradores. A FRC foi fomentadora na manutenção das origens e tradições culturais de sua gente. Havia o predomínio dos setores pecuário e sucroalcooleiro. A sociedade sempre reconheceu esse papel, prestigiando as exposições, como a Folha da Manhã”, disse José Carlos Menezes. Trata-se de uma entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, é de utilidade pública e possui o terceiro maior parque de exposições do país. São 200 mil² tão importantes para a cidade, deram origem ao bairro,“Pecuária”. O Parque de Exposição da FRC foi fundado em 1954, ano da realização da 1ª exposição rural. “Tudo era muito prazeroso, nós éramos amadores, não tínhamos a estrutura atual. De todos cargos que ao longo da vida assumi, o de presidente da fundação (de 1980 a 1986), é o que me deu mais alegria. Por outro lado, hoje o perfil da região mudou, mas, não vejo possibilidade da fundação acabar. A baixada ainda guarda vínculo com as tradições. A nova gestão de Lívia Siqueira puxa mais para a nossa origem, é bom”, frisa ele. Um marco naquele período histórico da FRC foi a realização da Semana do Cavalo, organizada pelo Major Almeida, então diretor da coudelaria (antiga Remonta). À Semana do Cavalo, José Carlos se refere como um “divisor de águas, como um antes e um depois, uma vitrine para Campos”. Depois foi a vez da longa gestão de Ronaldo de Freitas Áreas (de 1986 a 1998). Dela restam o pavilhão industrial, o pavilhão de leilões e o centro administrativo construídos por sua diretoria. “Imprimimos um caráter de empresa, havia a exposição e depois do evento nada acontecia. Com a construção do pavilhão industrial começamos a arrecadar recursos para a entidade. Fizemos então, mais de 70 mil metros de obras nas dependências do parque de exposição”. Ronaldo cita a força da atividade rural de duas décadas atrás, “Tínhamos aqui um núcleo expressivo de criadores de nelore, outro de criadores de cavalo manga-larga e ainda um de criadores de campolina. É chato falar, mas, é realidade: a atividade rural entrou em retrocesso grande. Nos dias atuais não temos criadores e já foram mais de 60 criadores de manga-larga. A gente vê um monte de caminhonete circulando na cidade e pensa que são fazendeiros. Não são. Os filhos dos produtores rurais se afastaram da atividade, cada um foi para um lado, houve muita divisão da terra por causa de herança”, analisa Ronaldo. O crescimento da cidade nas duas últimas décadas, as alterações na rotina do campista não acabaram com a curiosidade da população pela Exposição Agropecuária. Para Eraldo Bacelar, esse é o comportamento que faz com que a FRC precisa ser preservada. “Um evento que acontece por mais de 50 anos, por si só já fala”, destaca ele ao lembrar de que a festa integra o calendário estadual. Eraldo foi presidente entre 1999 e 2004. “Até  poucos anos atrás, o setor agropecuário era o de maior importância. Temos mais de 10 mil produtores rurais, isso significa que mais de 50 mil pessoas em Campos sofrem a influência do modo de vida rural. A Fundação é maior do que seus dirigentes, sobrevive às crises, tem a população como sua maior aliada. Ela como uma entidade do terceiro setor deve caminhar junto a outras entidade, não de forma isolada. No processo de revitalização precisamos agregar outras forças representantes da sociedade civil, sugere Eraldo. Ao relembrar um pouco da história, Mauricio Maciel, outro a ocupar a presidência, de 2004 a 2007, ressalta o orgulho de fazer parte da família FRC. “Vibro ao torcer pelo sucesso da instituição. Penso que a FRC representa a identidade e o carinho que o povo campista tem com o setor agropecuário em nossa região, onde num momento de dificuldades desse segmento, ela resgata a esperança e o orgulho de todo produtor rural de nossa região”, ressalta. Luciana Portinho
 

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