Bens da Santa Cruz vão a leilão
Paulo Renato do Porto 22/01/2020 21:07 - Atualizado em 25/01/2020 18:34
Por determinação da 8ª Vara Cível São José Rio Preto (SP), os bens patrimoniais da antiga Usina Santa Cruz irão a leilão no dia 04 de fevereiro, às 10 horas, no Hotel Nacional Plaza, naquela cidade do interior paulista, onde fica a sede da Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (CBAA), do Grupo J. Pessoa, que antes controlava a empresa. Nesta quarta-feira (22), ex-trabalhadores que moram em 250 residências no local e não receberam os direitos trabalhistas fizeram uma manifestação de protesto na Rodovia RJ 158 (Campos-São Fidélis), onde fica situada a usina, depois adquirida pelo Grupo Canabrava, que pretende suspender o leilão.
O patrimônio que irá a leilão inclui áreas desmembradas do imóvel rural da Fazenda Santa Cruz e outra que abrigava tanques de armazenamento de álcool cuja avaliação foi de R$ 1.650.468,38.
A lista abrange também um terreno com galpão para fins logísticos, pertencente ao antigo complexo da usina, bem como que o imóvel possui área de terreno, estando instaladas nesta área a usina, moenda, caldeiras, pontes e hilus, avaliados em R$ 1.988.763,13.
Outros bens, loteamento urbano Bairro Santa Cruz, com construções residenciais na Avenida Vicente Nogueira, Estrada Leopoldina e ruas do Colégio e Central, cuja avaliação é de R$ 7.137.374,50. O total do patrimônio está avaliado em cerca de R$ 10,7 milhões.
O arrendatário judicial da Canabrava, Rodrigo Luppi de Oliveira, disse que os problemas trabalhistas tiveram origem na gestão da Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (Grupo J. Pessoa) e que a disposição da sua empresa é pela suspensão do leilão.
— O nosso Jurídico está se movimentando para suspender o leilão. Temos o dever e responsabilidade social de levarmos ao conhecimento do juízo de São José do Rio Preto a clareza do processo e também defender os interesses das pessoas que estão correndo o risco de serem lesadas em seu patrimônio (moradias) e que, inclusive, já quitaram junto à prefeitura. Que fique claro: esse problema é oriundo da gestão anterior à Canabrava. Como arrendatário estou tentando, através do corpo jurídico, defender os interesses e patrimônio da empresa, além dos moradores — disse.
Diretor diz que vai quitar dívidas em três anos
Rodrigo Luppi disse também que reconhece as dívidas trabalhistas e tem buscado quitar os débitos com os trabalhadores. “Quando assumi, o total de ações trabalhistas era próximo de 3.500, mas em dois anos liquidamos aproximadamente 1.200 delas, restando 2.300. Estamos programando liquidarmos esse restante nos próximos três anos”, explicou.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campos, Paulo Honorato, as ações trabalhistas se arrastam na Justiça desde 2015. “Há ações que incluem condições de trabalho degradante. Eu acho que com o leilão, o problema dos trabalhadores pode estar perto de uma solução”, afirmou.
O advogado do sindicato, Felipe Souza, afirmou que a venda da usina para o Grupo Canabrava “está revestida de problemas, que inclui uma sucessão empresarial que tem sido questionada”. Ele também informa que os problemas dos empregados credores são distintos, com “casos de bloqueio que lhes garantem o pagamento dos direitos, mas há também os que receberam e outros que fizeram acordo”.
 
 

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