Executiva Estadual do PT defende unidade e candidatura própria em Campos
Aldir Sales 22/01/2020 19:19 - Atualizado em 19/02/2020 16:41
Odisséia Carvalho e André Ceciliano
Odisséia Carvalho e André Ceciliano / Folha da Manhã
A Executiva Estadual do PT aprovou um texto onde defende a unidade no partido e o lançamento de candidaturas próprias em cidades com mais de 100 mil habitantes. A presidente do diretório da legenda em Campos, a ex-vereadora Odisséia Carvalho, levou à reunião da direção, na última terça-feira (21), a declaração do presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) André Ceciliano (PT), que disse que caminhará ao lado de quem o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) apoiar para a eleição no município.
O Partido dos Trabalhadores possui dois pré-candidatos a prefeito em Campos. Além da própria Odisséia, o petroleiro José Maria Rangel também coloca seu nome no páreo. Ambos reprovaram a declaração de Ceciliano, que não esteve presente no encontro por não fazer parte da direção do partido.
Em um trecho do texto, a Executiva Estadual diz que “são duas as prioridades do PT em 2020, o lançamento de candidaturas próprias nos municípios com mais de 100 mil habitantes e a constituição de fortes nominatas de vereadores em todos os municípios do ERJ (Estado do Rio de Janeiro)”.
A publicação segue: “Maricá, São Gonçalo, Macaé, Campos, Angra, Barra Mansa, Volta Redonda, São João de Meriti, Paulo de Frontin, Cabo Frio, Paracambi e Japeri são alguns dos municípios que a adoção da candidatura própria está bem avançada”.
Depois dos tradicionais festejos de Santo Amaro, na Baixada Campista, no último dia 15 de janeiro, Ceciliano foi para o almoço promovido por Bacellar e que reuniu diversas autoridades locais e estaduais. Durante a confraternização, o presidente da Alerj reafirmou seu apoio a Rodrigo.
— O importante é que Campos possa melhorar cada vez mais. Campos precisa, sim, como o estado do Rio de Janeiro, ter uma tranquilidade, com investimentos na área de Educação, investimento no desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda. E a gente, lá na Assembleia, vai procurar ajudar aqui o município. Eu estou com o nosso Bacellar. Gosto muito dele — afirmou Ceciliano em Santo Amaro.
No entanto, a reação dentro e fora e do partido foi grande. José Maria Rangel disse que não foi consultado pelo presidente da Alerj: “Nós do diretório em Campos procuramos sempre respeitar as instâncias partidárias. Teremos uma candidatura própria e essa declaração é infeliz”.
Odisséia também falou que não foi comunicada. “Não fui informada sobre isto (declaração de Ceciliano). (...) Estatutariamente o PT apoia as candidaturas do partido. Somente no caso de alianças podemos apoiar candidaturas de outros partidos, conforme decisão partidária, o que não é o caso em Campos”.
Por outro lado, Ceciliano falou que não precisa se reportar a Odisséia, mas que o diretório tem direito de ter candidatura própria.
— Quando falo do meu apoio ao Rodrigo é pela relação que construímos dentro do Parlamento. Tenho respeito pelo partido, que tem todo o direito de tomar suas decisões, e minha posição não influi na decisão do partido. Minha relação no plenário com Rodrigo é muito boa. O PT vai seguir sua vida própria, vai decidir se vai ter candidatura própria ou não. Eu não tenho que consultá-la e nem ela tem que me consultar, temos o livre arbítrio. O PT é o PT e o André é o André. Tenho relação de confiança com Rodrigo e o PT tem o direito de ter seu candidato. Não tem problema em levar à Executiva, não tenho que perguntar a ela e ela não tem que me perguntar — finalizou o presidente da Alerj.
Já o militante de esquerda, embora crítico ao lulopetismo e à pauta identitária, Roberto Dutra não poupou André Ceciliano e a organização interna do PT em postagem nas redes sociais.
— O PT do Estado do Rio de Janeiro é ridículo. É um PP de grife, como diz Gustavo Castañon. Qualquer deputado estadual se acha no direto de desancar diretórios municipais, como fazem com o diretório de Campos, historicamente reduzido a apêndice de Garotinho e Arnaldo Vianna. O napoleão da Lapa definiu muito bem a agremiação como “partido da boquinha”. Prova maior é o desprezo de Lula que usa as prefeituras que o PT governa, como Maricá, para empregar seus parentes. Depois de Brizola, o Rio de Janeiro nunca mais teve esquerda popular e decente. O elitismo colorido do Psol obviamente não é nem esquerda e nem popular. Precisamos de uma alternativa progressista. 
Confira a nota completa da Executiva Estadual do PT:
“Em 2020, uma das prioridades do PT no Estado do Rio é a retomada do protagonismo na participação do nosso partido nas eleições municipais.
A resistência aos ataques contra a democracia e os direitos sociais deve se combinar com a construção de uma alternativa política e social não só ao bolsonarismo, mas também as soluções neoliberais, que já se mostraram prejudiciais à vida dos trabalhadores e do povo.
Nossa responsabilidade é construir uma ampla frente de esquerda e centro-esquerda nas lutas e nas eleições, atraindo outros setores democráticos, para derrotarmos a ultradireita e seus aliados em outubro.
São duas as prioridades do PT em 2020, o lançamento de candidaturas próprias nos municípios com mais de 100 mil habitantes, e a constituição de fortes nominatas de vereadores em todos os municípios do ERJ. Em nenhum dos casos, sem nos contrapormos a estratégia de unidade democrática e popular contra o bolsonarismo e seus aliados neoliberais.
Maricá, São Gonçalo, Macaé, Campos, Angra, Barra Mansa, Volta Redonda, São João de Meriti, Paulo de Frontin, Cabo Frio, Paracambi e Japeri são alguns dos municípios que a adoção da candidatura própria está bem avançada.
O desafio da nova direção partidária é muito grande. Precisamos antecipar a realização dos Encontros das microrregiões, e organizarmos um GTE que auxilie a Executiva a consolidar as nossas candidaturas próprias, as alianças mais importantes, e a formação de fortes chapas de vereadores”.

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