Sesc de Literatura: prêmio incentiva novos autores
21/01/2020 19:03 - Atualizado em 25/01/2020 18:10
Foram abertas ontem (20) as inscrições para o Prêmio Sesc de Literatura, um dos mais importantes do país, e os autores estreantes podem inscrever suas obras inéditas nas categorias romance ou conto. Os interessados têm até 20 de fevereiro para concluir o processo de inscrição, que é gratuito e online. O regulamento completo pode ser acessado em www.sesc.com.br/portal/site/premiosesc.
Para o professor, poeta e teatrólogo Adriano Moura, a iniciativa deve ser apoiada “porque democratiza o acesso de novos escritores ao mercado editorial, que ainda é muito elitista. Normalmente, as editoras pedem uma participação financeira para publicação de novos autores e, obviamente, nem todos têm condição de atender, permanecendo desconhecidos.” Lembrou também que a Fundação Cultura Jornalista Oswaldo Lima manteve por anos um edital para publicação de livros. “Seria bem que retornasse”, acrescentou.
Para a jornalista e escritora Paula Vigneron a inciativa é promissora “num momento em que se debate a cultura e os seus caminhos recentes. O Prêmio Sesc é um alento à arte e aos escritores brasileiros, principalmente àqueles que buscam a primeira oportunidade de publicação. Por vezes, é desanimadora a realidade do mercado editorial. Nem sempre há espaço para quem está chegando. Muitas editoras não querem apostar em novos nomes, o que torna a área muito restrita. Acredito que o incentivo seja fundamental e bastante necessário não apenas para encorajar os novos autores, mas também para mostrar as boas produções, muitas vezes ‘escondidas’, de um país cuja cultura tem sido tão desvalorizada por parte de seu povo e seus governantes”. Ela é autora dos livros “Sete Balas ao Luar” e “Entre Outros”.
Ao oferecer oportunidades aos novos escritores, o Prêmio Sesc de Literatura impulsiona a renovação no panorama literário brasileiro e enriquece a cultura nacional. Os vencedores têm suas obras publicadas e distribuídas pela editora Record, com tiragem inicial de 2 mil exemplares. Desde a sua criação, mais de 14 mil livros foram inscritos e 29 novos autores foram revelados. A parceria com a editora Record contribui para a credibilidade e a visibilidade do projeto, pois insere os livros na cadeia produtiva do mercado livreiro. A premiação foi criada em 2003 e se consolidou como a principal do país para autores iniciantes. No ano passado, houve recorde de inscritos com 1.969 obras, sendo 1.043 romances e 926 livros de contos.
De acordo com os coordenadores da premiação, o processo de curadoria e seleção das obras é criterioso e democrático. Os livros são inscritos pela internet, gratuitamente, protegidos por pseudônimos. Isso impede que os avaliadores reconheçam os reais autores, evitando qualquer favorecimento. Os romances e contos são avaliados por escritores profissionais renomados, que selecionam as obras vencedoras pelo critério da qualidade literária.
A relevância do Prêmio Sesc também pode ser medida por meio do sucesso dos seus vencedores, que vêm sendo convidados para outros importantes eventos internacionais, como a Primavera Literária Brasileira, realizada em Paris, o Festival Literário Internacional de Óbidos, em Portugal, e a Feira do Livro de Guadalajara, no México.
No ano passado, o vencedor na categoria Romance foi Felipe Holloway, com “O legado de nossa miséria”. A obra narra a história de um crítico de literatura e professor universitário que é convidado para um evento sobre jornalismo literário, numa fictícia cidade do interior de Minas Gerais. Lá ele conhece um famoso escritor cuja obra sempre admirou. Os personagens rememoram suas respectivas carreiras, nas quais os fracassos éticos e estéticos se alternam. Natural de Canindé, no Ceará, Holloway mora desde criança em Cuiabá (MT), onde leciona Língua Portuguesa na rede estadual.
João Gabriel Paulsen foi o ganhador na categoria Conto, com o livro “O doce e o amargo”. Ele escreveu uma coletânea de nove contos que tratam das tensões geracionais e os conflitos ocasionados pelos ritos de passagem. Paulsen nasceu em Juiz de Fora (MG), onde mora, estuda Filosofia e escreve desde os 15 anos.
Eles se juntam a um time de vencedores do Prêmio Sesc Literatura, que tem entre suas estrelas Franklin Carvalho, ganhador com o Romance “Céus e Terra”, em 2016, e vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2017; a carioca Juliana Leite em 2018, com Romance com “Entre as mãos”, que após a premiação do Sesc, ganhou o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA); a paulista Sheyla Smanioto Macedo, vencedora da edição 2015, com o Romance “Desesterro”, que conquistou o Prêmio Machado de Assis 2016; Marcos Peres, com “O Evangelho Segundo Hitler”, vencedor do Prêmio SP de Literatura 2014 na categoria estreantes; e Debora Ferraz, autora do livro “Enquanto Deus não está olhando”, vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2015. (C.C.F.) (A.N.)

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