Índio deixa PSD após entrada de Wladimir
Arnado Neto 13/03/2019 22:43 - Atualizado em 15/03/2019 17:49
Indio da Costa
Indio da Costa / Antonio Leudo
Ex-deputado federal e candidato derrotado na eleição para governador em 2018, Indio da Costa renunciou terça-feira (12) à presidência estadual do PSD e anunciou que está saindo do partido. O motivo é a recente filiação do deputado federal Wladimir Garotinho, filho do ex-governador Anthony Garotinho, adversário político de Indio. Em entrevista à Folha, que repercutiu em parte da mídia nacional, Indio afirmou ser contra a forma de fazer política da família campista. Então pré-candidato ao Governo do Rio, Indio afirmou, em agosto de 2017, que a política do ex-governador é “manter o pobre na pobreza”.
A chegada de Wladimir ao PSD foi articulada pelo deputado federal Hugo Leal. Na ocasião, Indio, que se limitou a dizer que não tinha muitas informações, não estava à frente desta aproximação e sugeriu que o contato fosse feito com Leal. Agora, ele torna pública sua decisão: “Renunciei à presidência do PSD e me desfilei do partido porque não compactuo com a filiação do deputado federal, filho do ex-governador Garotinho no PSD. (...) Entre a presidência estadual do partido e a coerência, fico com a coerência”.
Não é a primeira vez que a entrada de um membro da família Garotinho causa reações e desfiliações partidárias. Em 2016, quando ainda era aventada a chegada do ex-governador ao PRP, o então vereador de Goiânia Jorge Kajuru mandou “o partido para PQP”. Agora senador de Goiás pelo PSB, Kajuru afirmou ao blog, à época: “Jamais vamos estar em um mesmo palanque, em um mesmo partido de Garotinho. Até porque, na minha opinião, o único partido que deve merecer a filiação do Garotinho é o PCC (sigla da organização criminosa Primeiro Comando da Capital). Nada mais tenho a declarar”.
Por meio da assessoria, Wladimir emitiu posicionamento sobre a saída de Indio do partido por conta da sua filiação: “Acho estranho uma pessoa delatada por recebimento de 2,5 milhões de dólares em propina, para blindar alguém numa CPI, dizer que quer estar conectado às ruas. Além do mais, ele buscou apoio da família Garotinho nas eleições de 2016 e 2018. Acho que ele queria uma desculpa pra sair. De todo modo, lhe desejo sorte”.
Já Indio nega qualquer tipo de conversa com o grupo político de Garotinho na última eleição, de 2018, mas admite que tentou diálogo na anterior. “Em 2018 não teve nenhuma conversa. Em 2016, eu tinha interesse no apoio do partido deles, por causa do tempo de televisão. O Garotinho não é do meu campo político e nunca foi. Nem quero que seja, porque ele pensa de um jeito e eu penso de outro”, afirmou.
Agora ex-presidente e fora dos quadros do PSD, ele não acredita que a legenda seja o caminho do pai de Wladimir: “Tem muita resistência a Garotinho dentro do partido. Não foi uma entrada (de Wladimir) cujo o corpo partidário participou. Há muito constrangimento nesse sentido”.
Apontado como um dos principais interlocutores da ida de Wladimir ao PSD, Hugo Leal disse que a saída de Indio “foi uma decisão pessoal”, “comunicada diretamente a nacional do partido”, e que “não houve qualquer discussão interna em nenhum momento”. Com relação a possível aproximação do pai de Wladimir ao PSD, Hugo descarta: “Não existe essa previsão. O deputado Wladimir é um deputado federal eleito com uma trajetória própria e está construindo sua carreira política, com base no diálogo e boas relações”.

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