Aracy de Almeida e Elza Soares homenageadas
Celso Cordeiro Filho 14/03/2019 18:59 - Atualizado em 15/03/2019 17:56
Foto - Genilson Pessanha
Antes de apresentar os filmes “Aracy de Almeida — In Memorian” e “Elza Soares, Rainha do Bebop”, na quarta-feira (13), no Cineclube Goitacá, o professor e pesquisador cultural Marcelo Sampaio exibiu vídeo mostrando o samba enredo da Mangueira, vencedora do Carnaval deste ano na Marquês de Sapucaí, que revê a história através dos excluídos e derrotados — sempre à margem da vida . “Este samba mostra a importância de se conhecer a verdadeira história do Brasil”, salientou.
Lembrou que as cantoras Aracy de Almeida, que completaria agora 105 anos, e Elza Soares, vivíssima e prestes a fazer 80 anos, são figuras marcantes na luta das mulheres por um espaço digno na sociedade. “Aracy, por exemplo, que morreu em 1988, sempre esteve à frente do seu tempo numa época em que quase não se falava do movimento feminista. Elza também contrariou normas estabelecidas ao se envolver com jogador Garrincha. Enfim, são mulheres que merecem ser reverenciadas pela sua arte e destemor”, disse.
Destacou, ainda, que “em tempos de tanta intolerância chegar a ser um ato político cultural reverenciar estas duas mulheres que são, acima de tudo, ícones da resistência e superação. Aracy de Almeida e Elza Soares, legítimas representantes do melhor do samba, nunca foram tão necessárias nos dias atuais onde nossas liberdades andam tão atacadas”. Marcelo contou fatos ligados à vida das cantoras que são pouco conhecidos dos brasileiros e enfatizou que elas não têm o reconhecimento que merecem.
Sobre Aracy de Almeida lembrou que na saída da boate Vogue, no Rio, onde cantava, se deparou com o cronista Rubem Braga que disse: — Olá. Ela prontamente respondeu: — Não sou mulher de olá! Dias depois seria assunto de crônica relatando o ocorrido. Quanto a Elza Soares, relatou a estreia no programa de rádio do compositor Ary Barroso. Ao terminar de cantar, o apresentador ficou maravilhado com sua voz e, diante de sua figura magrinha e com os cabelos arrepiados, tentou fazer uma graça: — De que planeta você veio? Elza não perdeu tempo: — Do planeta fome.

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