João Peixoto e Christino Áureo na lista do Coaf
21/01/2019 20:08 - Atualizado em 28/01/2019 16:31
O jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, informou em seu blog que, além do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), citado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por ter recebido R$ 96 mil de forma fracionada entre junho e julho de 2017, o órgão de controle identificou também movimentações financeiras atípicas de outros 21 deputados estaduais e seis ex-parlamentares. Entre eles estão os nomes do campista João Peixoto (DC) e do macaense Christino Áureo (PSD). No caso de Peixoto, o Coaf apontou uma movimentação de R$ 500 mil, enquanto no de Christino o valor é de R$ 800 mil, mais oito operações imobiliárias, sendo um imóvel de R$ 1,2 milhão na Gávea, como mostrou também o blog do Arnaldo Neto, hospedado no Folha 1.
Os nomes dos políticos estão em um relatório produzido pelo Coaf e enviado ao Ministério Público em junho do ano passado. As movimentações financeiras dos parlamentares foram anexadas aos autos da operação Furna da Onça, que, em novembro de 2018, prendeu sete deputados estaduais suspeitos de receber propina; outros três tiveram os pedidos de prisão feitos, mas já estavam detidos. Nove dos dez alvos da operação são citados no documento produzido pelo Coaf.
Por telefone, Peixoto afirmou: “Não sei de nada, não tenho conhecimento sobre nada do que foi falado. Se alguém tiver algo para provar... Mas acredito que ninguém tenha e estou pronto para provar minha inocência”.
Em nota, a defesa do parlamentar disse que “embora não tenha tido acesso ao referido relatório, o deputado Christino Áureo informa – ressaltando sua indignação com a forma de divulgação –, que não há qualquer movimentação suspeita em suas contas. Sua única aquisição de imóvel no período foi um apartamento no valor de R$ 1,260 milhão, onde reside com a família (financiado pela Previ BB – R$ 945 mil, em 30 anos –, e o restante, R$ 315 mil vindos de sua rescisão por aposentadoria depois de 40 anos de trabalho no Banco do Brasil, no valor de R$ 850 mil). Tudo rigorosamente declarado em seu Imposto de Renda. Reafirma sua disposição para esclarecimentos, em quaisquer instâncias necessárias”.
Quem lidera a lista se considerado o valor das movimentações citadas pelo Coaf é o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (MDB). Preso na operação Cadeia Velha, em novembro de 2017, e também alvo da Furna da Onça, o emedebista, diz o Coaf, está atrelado a comunicações de operações financeiras no valor de R$ 478 milhões. A quantia alcança esse valor, pois abarca as transações de empresas de sua família que atuam no setor de mineração e pecuária.
Ao Estadão, Márcio Pacheco (PSC), Farid Abrão (PDT) e Ricardo Abrão (PDT) negaram qualquer irregularidade. Andreia Busetto (PDT) e Carlos Busetto (PDT) – atual prefeito de Itaguaí – informaram que os políticos não foram notificados oficialmente e que só vão se manifestar após serem citados pelo Ministério Público.
As defesas dos deputados Luiz Martins (PDT), Marcos Abrhão (Avante) e Pedro Augusto (PDT) não quiseram comentar. Já Jorge Picciani, Marcos Muller (PHS), Marcelo Simão (PP), Márcio Jeovani (DEM), Coronel Jairo (MDB), Iranildo Campos (SD), Chiquinho da Mangueira (PSC), Dr. Deodalto (DEM) e Daniele Guerreira (MDB) não responderam.
Os demais parlamentares ou ex-deputados não foram localizados.
MP nega quebra do sigilo de parlamentares
O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, negou, ontem, que o MP tenha quebrado o sigilo bancário de qualquer deputado ao apurar as informações constantes no relatório do Coaf. Gussem também confirmou que a promotoria está investigando 27 dos 70 deputados estaduais na esfera cível em 22 procedimentos. Um dos atos – envolvendo Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz –, porém, está suspenso por determinação do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Flávio afirmou em duas entrevistas exibidas na noite do último domingo, à Rede Record e à RedeTV!, que o pagamento de R$ 1 milhão de um título bancário da Caixa Econômica é referente a um apartamento que ele comprou na planta.
No sábado, o Jornal Nacional mostrou que o Coaf destacou o pagamento no valor de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa. O órgão não identificou o favorecido, nem a data, e nenhum outro detalhe.
Flávio Bolsonaro alega que depositou o dinheiro na conta dele, na Alerj, em 48 envelopes de R$ 2 mil, porque era o local onde ele trabalhava e que o valor era o limite para cada depósito no caixa automático.
Ao jornal O Globo, ontem, o ex-atleta Fábio Guerra afirmou que comprou um apartamento em Laranjeiras, no Rio, de Flávio Bolsonaro pelo total de R$ 2,4 milhões. Desse total, cerca de R$ 100 mil foram pagos em dinheiro ao longo de três meses. No entanto, Guerra diz que deu quantias superiores a R$ 20 mil nas vezes em que efetuou os pagamentos e isso ocorreu devido à venda de um outro imóvel que ele possuía na Taquara.

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