República fluminense em Brasília
Aldir Sales 19/01/2019 15:31 - Atualizado em 28/01/2019 16:28
Apesar de ser paulista, Bolsonaro foi deputado por mais de 20 anos pelo Rio de Janeiro
Apesar de ser paulista, Bolsonaro foi deputado por mais de 20 anos pelo Rio de Janeiro / Agência Brasil
Um dos campistas mais importantes da história, Nilo Peçanha foi o primeiro negro a ser presidente do Brasil, entre 1909 e 1910, após a morte de Afonso Pena. Mais de um século depois, ainda que distante do Norte Fluminense, a política brasileira vem ganhando novos contornos e Brasília cada vez mais tem como protagonista o Rio de Janeiro. Apesar de não ser do estado, a eleição de Jair Bolsonaro para o Planalto – deputado por mais de 20 anos pelo Rio – também chama a atenção para a representatividade carioca e fluminense nas principais decisões do país.
Seis ministros nomeados por Bolsonaro são naturais da cidade do Rio de Janeiro, incluindo Paulo Guedes, responsável pela “super pasta” da Economia e considerado como “Posto Ipiranga” do presidente durante a campanha. Além disso, outro nome de confiança do capitão da reserva é o campista Felício Laterça (PSL). Eleito deputado federal, o ex-delegado da Polícia Federal em Macaé é o líder da bancada de 12 parlamentares eleitos pelo partido no Rio e participou do gabinete de transição de governo.
Um dos assuntos do momento tem sido a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, considerada fundamental para colocar em votação ou não os projetos do governo. Apesar de ter nascido em Santiago, no Chile, o atual presidente da Casa que busca a reeleição, Rodrigo Maia (DEM), é radicado no Rio de Janeiro. Filho do ex-prefeito carioca César Maia, Rodrigo tem aglutinado o apoio de uma série de partidos para tentar continuar no cargo.
No entanto, o polêmico deputado, citado por executivos da Odebrecht como um dos que recebia caixa dois — ele nega —, tem do outro lado a candidatura de oposição do também carioca Marcelo Freixo (Psol). Novato em Brasília, o deputado estadual chegou a se reunir com PT e PDT para tentar apoio, mas a chegada de PP e MDB para o bloco oposicionista afastou petistas e pedetistas de sua campanha.
  • Bento Costa assumiu a pasta

    Bento Costa assumiu a pasta

  • Tarcísio Freitas era diretor do Dnit

    Tarcísio Freitas era diretor do Dnit

  • Rodrigo Maia concorre à reeleição

    Rodrigo Maia concorre à reeleição

  • Ricardo Salles já foi secretário em SP

    Ricardo Salles já foi secretário em SP

  • Guedes ganhou importância no governo

    Guedes ganhou importância no governo

  • Henrique Alves é denunciado no RN

    Henrique Alves é denunciado no RN

  • Bebbiano presidiu anteriormente o PSL

    Bebbiano presidiu anteriormente o PSL

  • FHC foi único do RJ no Planalto

    FHC foi único do RJ no Planalto

  • Fernando Azevedo e Silva é militar de carreira

    Fernando Azevedo e Silva é militar de carreira

  • Cunha está preso por corrupção

    Cunha está preso por corrupção

Aliás, a Câmara tem sido um reduto carioca nos últimos anos. E de escândalos também. Maia sucedeu na presidência da Casa o deputado cassado Eduardo Cunha. Pivô do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Cunha está preso em Curitiba e já foi condenado em segunda instância a 24 anos e dez meses de cadeia por receber propina de empresas interessadas na liberação de verbas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Antes de Cunha, quem ocupou o cargo foi o carioca radicado no Rio Grande do Norte Henrique Eduardo Alves (MDB). O ex-ministro do Turismo chegou a ser preso no ano passado e atualmente responde em liberdade a denúncia de recebimento de propina, além de corrupção e lavagem de dinheiro a partir dos recursos usados para a construção da Arena das Dunas, em Natal, construída para a Copa do Mundo de 2014.
No entanto, no vizinho Senado, o Rio de Janeiro tem sido apenas coadjuvante nas decisões da mesa diretora. Desde a redemocratização do país, em 1985, o único senador eleito pelo estado a ser presidente da Câmara Alta foi Nelson Carneiro — baiano de Salvador, mas eleito pelo Rio —, entre 1989 e 1991.
Já na presidência da República, mesmo sendo paulista da cidade de Glicério, Bolsonaro tem sido o maior carioca/fluminense dos últimos chefes do Estado brasileiro. Mas, desde 1985, o Rio de Janeiro teve um presidente da República: Fernando Henrique Cardoso (PSDB), apesar de ter construído sua carreira política e acadêmica fora da capital fluminense — principalmente em São Paulo —, FHC é natural do Rio.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS