Crítica de cinema - Sua missão, caso a aceite...
*Filipe Fernandes 27/07/2018 19:07 - Atualizado em 30/07/2018 18:26
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(Missão impossível: Efeito Fallout) - Sou fã da franquia “Missão impossível” desde o longa de 96 do mestre Brian De Palma. Confesso que, a cada novo lançamento, fico receoso, pois sempre imagino que o próximo filme será o tropeço da série. Passados incríveis 22 anos, “Efeito Fallout” é o sexto longa e, mais uma vez, a série põe à prova sua regularidade e capacidade de se manter relevante como cinema de ação. Pois bem, o agente Ethan Hunt e sua equipe não decepcionam.
Após o fracasso de uma missão, contrabandistas tomam posse de três ogivas nucleares, e agora Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe correm contra o tempo para impedir que esse material caia em posse de um grupo terrorista conhecido como “Os apóstolos”, que pretende usar as ogivas para causar grandes catástrofes.
Cinema
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Umas das principais características da franquia MI é a mudança de diretor a cada nova aventura. Essas mudanças, ocorrendo entre cineastas de características tão distintas, conseguiram trazer um ar de frescor aos longas. Em “Efeito Fallout”, pela primeira vez, acontece a repetição no cargo, situação que se justifica, pois temos, de fato, uma continuação que se utiliza de fatos diretos do longa anterior, do qual regressa todo o núcleo central de personagens de “Nação secreta” (filme lançado em 2015).
É com agradável surpresa que o competente Christopher McQuarrie (Jack Reacher) não só retorna, como faz uma série de homenagens a todos os longas da franquia. Existem elementos funcionais dentro da trama que remetem a diversos momentos do passado de Hunt. Desde surpreendentes eastereggs do filme de 96, passando por situações e enquadramentos similares em momentos chaves, até a repetição das habilidades do protagonista, mas todas dentro do contexto e com funcionalidade dentro das situações.
Novamente como diretor, McQuarrie demonstra talento ao reunir tantos elementos de forma coesa e sem perder o ritmo. Mesmo criando tramas intrincadas, cheias de reviravoltas, ainda estabelece grandes momentos, constrói personagens carismáticos e diálogos que trabalham dando agilidade às cenas e construindo as relações.
McQuarrie talvez seja o diretor de características menos marcantes que passou pela franquia, mas ele comprova, mais uma vez, sua eficiência e criatividade na realização de complexas sequências de ação, na construção de um ritmo intenso e crescente, no uso de enquadramentos que evidenciam a situação e permitem ao espectador o melhor entendimento, geográfico das situações.
Não tem como não falar de MI sem falar do astro e produtor Tom Cruise, que, mais uma vez, se mostra bem à vontade no papel e demonstra sua habitual entrega nas cenas de ação.
Henri Cavill é a grande novidade do elenco e funciona como um contraponto ao protagonista, ao ser o oposto, tanto física quanto ideologicamente. Rebecca Ferguson retorna ao emblemático papel de Ilsa Faust, mostrando, mais uma vez, a força de sua personagem, que não perde em nada para o protagonista.
“Missão impossível — Efeito Fallout” é mais um excelente capítulo da franquia e entrega tudo que se espera dele: sequências de ação incríveis, muita tensão, reviravoltas e personagens carismáticos.
Ao trazer tantas referências à própria série de forma tão bem construída, fica a sensação de que esta possa ser a última aventura de Hunt. Funciona satisfatoriamente como desfecho, afinal, Cruise já tem 56 anos, mas, assim como a franquia, o ator parece ter fôlego para mais.
Isso só o tempo dirá, mas confesso que, a cada nova missão, meu receio com o futuro da série diminui. Como disse: “Missão impossível” não decepciona.

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