História e cinema em debate após "Lawrence da Arábia"
Paula Vigneron 26/07/2018 17:32 - Atualizado em 30/07/2018 18:24
Na noite dessa quarta-feira (25), o Cineclube Goitacá exibiu o filme “Lawrence da Arábia” (Lawrence of Arabia, 1962), do diretor David Lean. Apresentado pelo poeta e jornalista Aluysio Abreu Barbosa, o longa-metragem sobre o arqueólogo, militar, agente secreto, diplomata e escritor britânico Thomas Edward Lawrence foi aplaudido, ao final da exibição, e gerou debates sobre história e cinema do século XX.
Graduado como historiador em 1910 pela Universidade de Oxford, com uma tese sobre as Cruzadas e a arquitetura militar europeia, Lawrence atraiu a atenção do serviço de inteligência britânico por dominar, de maneira profunda, conhecimentos sobre a língua e a cultura árabes, Após ir ao Oriente Médio, com ordens para apenas observar o conflito entre árabes e turcos, ele se une às tribos beduínas para liberá-las do domínio de cerca de 400 anos do Império Turco-Otomano.
— Até a II Guerra Mundial, Lawrence foi o militar mais famoso do mundo. Talvez o mais famoso até Hitler invadir a Polônia. E ele ficou muito marcado por essa divisão. Passou a ser chamado de Lawrence da Arábia e tinha horror a isso. Ele muda de nome, se realista como soldado e escreve um livro entre 1919 e 1923.
O longa é considerado uma das obras-primas do século XX
O longa é considerado uma das obras-primas do século XX / Rodrigo Silveira
As vivências de T. E. Lawrence foram registradas durante a Revolta Árabe e relatadas no livro “Os sete pilares da sabedoria”, que, inicialmente, foi distribuído apenas aos amigos do jovem oficial inglês. Logo depois, a obra se tornou uma das mais importantes do século XX, marcada pela riqueza de detalhes sobre o conflito e pelo vasto conhecimento do autor. A publicação foi elogiada por Winston Churchill, primeiro-ministro britânico durante a II Guerra Mundial e ganhador do prêmio Nobel de Literatura: “Se fosse obra de mera ficção, haveria de viver enquanto o inglês fosse falado em algum recanto do globo”.
— Eu sempre comparo muito (o livro) com “Os sertões”, sobre a Guerra de Canudos, escrito por Euclides da Cunha. Euclides divide o livro entre “A terra”, “O homem” e a “A luta” e, claramente, está tentando fazer uma obra científica e se rende ao romancista. No final, ele fala que está denunciando um crime. Até nisso, se parece um pouco com Lawrence. Escrever aquele livro é uma espécie de ajuste pessoal de contas. E Lawrence não tinha nenhuma pretensão literária, tanto que distribui apenas para amigos. Ele não queria que virasse o best-seller que virou, e é um clássico do século XX — analisou Aluysio.
Na sessão da próxima quarta-feira (1), o professor e pesquisador Marcelo Sampaio apresentará, a partir das 19h, o documentário ‘”Vinícius”, do diretor Miguel Faria Jr. (2005), sobre o poeta, compositor e cantor Vinícius de Moraes.

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