Traficantes matam policial militar e levam terror às ruas de Macaé
Julia Beraldi e Matheus Berriel 09/01/2018 13:19 - Atualizado em 10/01/2018 17:01
José Renê morreu com tiro na cabeça
José Renê morreu com tiro na cabeça / Divulgação
Um cabo da Polícia Militar, natural de Itaperuna, Noroeste Fluminense, morreu durante uma troca de tiros com bandidos na manhã desta terça-feira (9), na comunidade Lagomar, em Macaé. José Renê Araújo Barros, de 35 anos, era um dos integrantes da operação realizada pela PM para reprimir ações criminosas de facções rivais pela disputa de ponto de drogas no bairro. Ele foi baleado na cabeça. Após o homicídio, a cidade teve um cenário de guerra, com ônibus incendiados, troca de tiros e cinco pessoas baleadas. 
De acordo com a PM, que lamentou o ocorrido, José Renê foi a óbito enquanto era socorrido para uma unidade de saúde. Ele era lotado no 32º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Macaé, há oito anos, e deixa esposa e três filhos. O corpo do cabo José Renê Araújo Barros seguiu para Itaperuna, onde deverá ocorrer o velório e sepultamento. 
Cinco pessoas feridas durante o confronto foram socorridas para o Hospital Público de Macaé (HPM), sendo que dois já receberam alta e foram encaminhados por policiais militares para a 123ª Delegacia Legal da cidade, suspeitos de participação no confronto. 
Nas redes sociais, houve boato de que o prefeito de Macaé, o médico Aluízio dos Santos Júnior, teria ido às pressas ao Hospital Público do município (HPM), na parte da tarde, para operar um traficante baleado na Favela da Linha, localizada no bairro Cajueiros, na área central da cidade. À Folha, a secretaria de Comunicação da Prefeitura confirmou a presença de doutor Aluízio na unidade de saúde, "acompanhando os acontecimentos". Porém, não soube informar a respeito da atuação como cirurgião.
Segundo o comando do 32º Batalhão de Polícia Militar de Macaé, a cidade recebeu cerca de 100 policiais para reforçar a segurança. De Campos dos Goytacazes, de acordo com o 8º BPM, foram cedidos nove agentes e uma viatura. Os batalhões de Itaperuna e Santo Antônio de Pádua também enviaram policiais. Dois helicópteros do Grupamento Aeromóvel (GAM) da PM foram utilizados nas buscas pelos criminosos responsáveis pela morte de José Renê. 
Imagens aéreas de Macaé, feitas do interior das aeronaves, mostram o trabalho realizado pelos policiais. O Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) patrulham as estradas em busca de suspeitos. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito havia sido localizado.
O Disque Denúncia divulgou um cartaz oferecendo R$ 5 mil de recompensa para quem tiver informações que ajudem a esclarecer a morte do policial.
Uma moradora do bairro Lagomar, que preferiu não se identificar, falou sobre os momentos de terror vividos durante o confronto.
"Nós ficamos em um clima de tensão durante a troca de tiros entre policiais e traficantes, a gente teve que ficar no chão das 10h até as 13h, por causa do tiroteio. Meu esposo voltava do trabalho e estava dentro do ônibus que começou a ser incendiado. Todos saíram do ônibus e, onde eu moro, no Lagomar, não está circulando mais nenhum".
  • Trânsito está interditado e comércio segue fechado

    Trânsito está interditado e comércio segue fechado

  • Trânsito está interditado e comércio segue fechado

    Trânsito está interditado e comércio segue fechado

  • ônibus foram incendiados

    ônibus foram incendiados

Estatística - O cabo José Renê é o quarto policial militar assassinado neste ano no estado do Rio. Os outros três estavam de folga quando foram mortos. Em 2017, 134 policiais militares foram assassinados no estado.
A primeira morte de um PM neste ano ocorreu no dia 3, no bairro do Mutuá, em São Gonçalo, no Grande Rio. O soldado Ivanderson Silva Pinheiro estava em seu carro, no bairro do Mutuá, com outro policial quando criminosos os abordaram e anunciaram um assalto. Segundo a PM, Pinheiro reagiu e foi baleado.
Também no dia 3, o sargento Anderson da Silva Santos foi morto a tiros, no bairro Jardim São Miguel, em Queimados, na Baixada Fluminense, após se envolver em uma briga de trânsito.
Já no dia 5, o sargento Alexandre Fernandes da Silva, de 43 anos, morreu no Hospital Central da Polícia Militar, onde estava internado desde outubro após ser vítima de uma tentativa de assalto em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS