História e cinema no Cineclube Goitacá
Paula Vigneron 25/10/2016 20:14
Divulgação
Filme Danton - O processo da revolução/Divulgação
O Cineclube Goitacá homenageará, na noite desta quarta-feira (26), o cineasta polonês Andrzej Wajda, morto no dia 9 de outubro devido a uma insuficiência pulmonar. Ele tinha 90 anos. Nesta sessão, será apresentado o filme “Danton — O processo da revolução” (1983), protagonizado pelo ator Gérard Depardieu. Para apresentação e debate sobre história e a obra do diretor, o jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa mediará o encontro, que acontecerá às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center (cruzamento das ruas 13 de Maio e Conselheiro Otaviano, Centro). A entrada é gratuita.
Produzido pela França, Alemanha e Polônia, o longa-metragem apresenta o personagem histórico na primavera de 1794, quando ele retorna a Paris e constata que o Comitê de Salvação Nacional, sob comando de Robespierre (Wojciech Pszoniak), inicia o processo de execução em massa. O clima leva o povo a temer quaisquer atitudes que desagradem o poder e possam ser interpretadas como contra-revolucionárias. Nem Danton, um dos líderes da Revolução Francesa, escapa de acusações.
O mesmo grupo revolucionário que promulgou a Declaração dos Direitos do Homem implanta um regime dominado pelo medo. Com o apoio da população, Danton entra em conflito com Robespierre, seu antigo aliado e detentor do poder. Como resultado, ele é levado a um julgamento que reflete o esquecimento da liberdade, da igualdade e da fraternidade, lema da Revolução Francesa.
— Quem lê a história pelo viés marxista é simpático a Robespierre e quem não o faz, a Danton. A Revolução Francesa marca o fim da Idade Moderna, em 1789, e funda o que vivemos até hoje: a Idade Contemporânea. É um fenômeno de extrema importância, embora não seja a primeira revolução iluminista do Ocidente (que foi a Independência dos Estados Unidos, em 1776) — contextualizou Aluysio.
O jornalista explicou que, entre 1792 e 1794, Robespierre inaugurou o Período do Terror, marcado por muitas mortes. Nesse momento, a Revolução Francesa vai de encontro aos seus ideais, com características ditatoriais piores do que as do Antigo Regime, contra o qual lutaram os revolucionários.
— Nesses dois anos, 17 mil pessoas são guilhotinadas. É um número considerável. Danton, acusado de enriquecer com a revolução, passa a se opor a essa radicalização. E o tribunal fundado por ele arma um julgamento, mas suprime os direitos básicos.
Para Aluysio, um dos destaques de “Danton — O processo da revolução” é a atuação de Gérard Depardieu. “É uma interpretação antológica”, afirmou.
Considerado o maior cineasta da Polônia e vencedor de um Oscar honorário, em 2000, pelo conjunto de sua obra, Andrzej Wajda iniciou a carreira sob repressão do governo comunista. O prêmio foi doado ao Museu da Universidade Jaguelônica, em Cracóvia. No período em que trabalhava na produção de “Danton — O processo da revolução”, Wadja estava exilado na França, onde permaneceu até a queda do Muro de Berlim, seis após o lançamento do longa-metragem.
Em toda a sua trajetória, Wajda dirigiu mais de 40 filmes, como “O homem de mármore” (1977) e “O homem de ferro” (1981) — que rendeu a ele a Palma de Ouro, no Festival de Cannes. Ambos abordam a questão do comunismo. Entre os indicados ao Oscar, estão “Terra Prometida” (1975) e “As Senhoritas de Wilko” (1979). O último longa do diretor foi “Afterimage”, a biografia do artista de vanguarda Wladyslaw Strzeminski, que é perseguido pelo regime stalinista ao se recusar a seguir a doutrina comunista.
Ao receber a maior premiação do cinema, Wadja foi citado como “um homem cujos filmes deram a plateias ao redor do mundo uma visão artística da história, da democracia e da liberdade e que, assim, tornou-se ele mesmo um símbolo de coragem e esperança para milhões de pessoas na Europa do pós-Guerra”. Entre os anos 80 e 90, o cineasta atuou na área política como senador e Conselheiro Presidencial para a Cultura. Ele também foi diretor do Teatro Powszechny de Varsóvia.

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