Menos Garotinho, mais Campos
José Paes 14/04/2016 12:09

Esses dias, estava numa roda de amigos conversando sobre política, quando surgiu o nome do secretário de governo Garotinho, mais precisamente começou o debate sobre qual estratégia ele estaria pensando para a sucessão da sua esposa, quem seria o seu candidato, ou os seus candidatos.

Um desses amigos, que lá atrás, mas bem atrás mesmo, fez parte do grupo do secretário, levantou aquela bola que sempre costuma subir quando o assunto gira em torno disso: “Rapaz, não estou entendendo o que ele está pretendendo fazer, parece ser um tiro no pé, mas com Garotinho todo o cuidado é pouco, ele é águia, é inteligente, é político profissional” e por aí vai.

Terminado o papo, fiquei com aquilo na cabeça e acabei começando a refletir comigo mesmo: Será que o secretário é tudo isso mesmo? Será que alguém que brigou com todos os seus aliados nos últimos trinta anos, ficando isolado, é tão inteligente assim? Será que alguém que alimentou índices de rejeição acachapantes é tão águia como alguns pensam? Tudo bem, ele foi prefeito, governador, deputado, elegeu a esposa no Estado e no Município, não podemos negar força nisso. Mas que tipo de bom “profissional” é esse que chega à diretoria e termina a carreira num escalão abaixo? Será que o seu sucesso, sobretudo aqui na planície, não é muito mais fruto da falta de articulação e gás para o embate dos seus adversários?

Sendo sincero, não consegui chegar a uma conclusão, mas algumas coisas ficaram muito claras em minha cabeça: Se coloca o secretário num pedestal de inteligência e sagacidade em que, definitivamente, ela não deveria estar. É óbvio que quem trilhou o caminho por ele trilhado não pode ser desmerecido, mas a daí enxergá-lo com o “ás” da inteligência, como um adversário praticamente invencível, é um pouco demais. Mais. Se dá demasiada atenção e relevância ao que ele diz e faz. Eu mesmo, neste momento, estou perdendo um tempo que, talvez, não deveria perder, mas que perco para dizer, depois de tudo isso, que não há razão para temê-lo.

Talvez a fascinação e obsessão gerada em alguns dos seus atuais opositores, seja fruto das imagens que guardam da sua ascensão, do projeto que ele representava e do qual, em algum momento, fizeram parte. Mas é preciso praticar o desapego. O sonho Garotista acabou, o “muda campos” não vingou e a única forma de construirmos um projeto alternativo para a nossa cidade é pensar menos em Garotinho e mais em Campos. Precisamos pensar mais no que nós queremos e podemos fazer e menos no que ele fez, representa ou representou. Sabe aquele garotinho valentão que tem em toda escola? Tá na hora de enfrentá-lo, ao invés de ficar admirando suas pirraças.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de hoje (14/04)

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