Paula Vigneron
Foto: Divulgação 

O diretor Bigas Luna e o filme “Ovos de Ouro” ( “Huevos de Oro”, 1993) serão assuntos da sessão desta quarta-feira (29), às 19h, no Cineclube Goitacá. O longa-metragem será apresentado pelo professor Gustavo Soffiati, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado na rua 13 de Maio, 286, Centro. A entrada é gratuita. Para Gustavo, Luna é inventivo e acessível ao grande público.

Com Javier Bardem, Alessandro Gassman, Benício del Toro, Maria de Medeiros, Maribel Verdú, Elisa Tovati e Angel de Andres Lopez, “Ovos de Ouro” conta a história de Benito González, cujo desejo é construir um imenso prédio em sua homenagem e batizá-lo de “González Towers”. Visando conseguir o dinheiro necessário para a obra, ele explora mulheres. O filme de Bigas Luna foi o vencedor do prêmio Kikito do Festival de Gramado.

— Assisti Ovos de ouro, de Bigas Luna, nos anos 90, por indicação de meu irmão Flávio. Na época, também vi, do mesmo diretor, “A teta e a lua”, com mais tons de comédia. Mais recentemente, na década passada, vi “Os olhos da cidade são meus”, incursão do cineasta no campo do terror. Só por esses títulos, posso dizer que Bigas Luna é muito inventivo, mas também acessível ao grande público, pois parte de questões cotidianas, de forte apelo popular, como o sexo, numa abordagem bastante inusitada — comentou Gustavo Soffiati.

Para o professor que o diretor espanhol “estetiza o grotesco no cinema”, assemelhando-se à literatura de François Rabelais, ao teatro de Nelson Rodrigues e à música de Lupicínio Rodrigues.

— Para o espectador comum, por assim dizer, pode parecer superficial, mas, para cinéfilos, com certeza, será sempre visto como um realizador capaz de instigar estranhamento em relação aos temas com que trabalha — afirmou Soffiati.

O apresentador do filme acredita que o público brasileiro se identifique com a história devido à abordagem do aspecto sexual e do romantismo exagerado que, no ponto de vista de Soffiati, é muito presente na cultura do país. No entanto, questões relacionadas a machismo também aparecem na história.

— A trama pode incitar o questionamento do machismo, do patriarcalismo, como na cinematografia de Pedro Almodóvar, de algum modo, comparável à de Bigas Luna. Lembro-me de uma matéria de jornal da época de sucesso de “Ovos de ouro”, logo após seu lançamento, na qual se discutia algo como o gosto feminino por um tipo masculino, tal qual se fez, nos últimos anos, em relação ao metrossexual, ou se faz hoje, quanto ao lumbersexual. Uma das fãs do filme era a policial Marinara Costa, ex-integrante do grupo de Fausto Fawcett e que, por passar da Playboy e da Sexy para a política, foi considerada nossa Cicciolina. As mulheres, certamente, vão delirar com o hoje mundialmente famoso Javier Bardem, então em início de carreira — opinou.