Irresponsabilidade
José Paes 15/06/2015 10:13

No fim do ano passado, quando o atual Governo vendeu os royalties do petróleo a que o Município tinha direito, para obter empréstimo junto ao Banco do Brasil, escrevi um pequeno texto afirmando que tal atitude consistia num acinte histórico. Pagar mais de 50 milhões de reais em juros, mesmo com o Município chegando a um orçamento de dois bilhões e setecentos milhões de reais em 2014 parecia, pelo menos para mim, o auge do absurdo, de tantos outros cometidos por esse Governo que aí está. Não esperava que algo pior pudesse acontecer, mesmo afirmando que aquela atitude poderia nos levar ao caos administrativo.

Para meu espanto, contudo, o algo pior está em vias de acontecer. Não satisfeito com a venda absurda do ano passado, o atual Governo, após articulação do Secretário Garotinho no Senado, já solicitou carta branca à Câmara Municipal para vender ainda mais royalties. Segundo as más línguas, para obter cerca de 500 milhões de reais, o Governo estaria disposto a vender mais de um bilhão de reais, pagando altíssimos juros e, o pior de tudo, deixando a conta para os futuros prefeitos pagarem. Notem a gravidade da situação, caros leitores, para colocar a mão de imediato em 500 milhões de reais, querem entregar aos bancos outros 500 milhões, dinheiro dos futuros governos, das futuras gerações.

Tudo isso, para tapar os rombos deixados para trás, decorrentes da má gestão dos mais de R$ 17 bilhões recebidos nos últimos seis anos e meio, quando Campos nunca viu tanto dinheiro. Mais uma vez, querem que paguemos a conta pela irresponsabilidade desse Governo que aí está. Ao invés de sanearem as contas e enxugarem efetivamente a máquina pública, vão meter a mão nas receitas das gerações futuras, para manterem as aparências até 2016.

Trata-se de uma irresponsabilidade sem tamanho. Não há previsão de aumento da cotação do barril do petróleo nos próximos anos. Com esse empréstimo, as futuras administrações, que já contatarão com orçamentos mais modestos, terão as contas ainda mais comprometidas. Isso sem falar na possibilidade de perda definitiva de grande parte das receitas dos royalties, caso o Supremo Tribunal Federal declare constitucional a lei que reparte essas receitas com todos os entes federados.

Muitos afirmam que ao final dos seus 8 anos de mandato, esse grupo político que aí está não deixará legado algum para a cidade, não terá uma marca para dizer que é sua. Eu afirmo o contrário. Esse Governo nos deixará sim um legado. Deixará como legado uma cidade quebrada e uma bela dívida para pagarmos. Vamos pagar pelos delírios e ambição desmedida de um grupo político decadente, que faz de tudo para manter o seu projeto de poder.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de quinta-feira (11/06).

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