Mercado: Voltando ao assunto
José Paes 04/06/2015 19:39

De forma conveniente, tentou-se mudar de assunto, dando como favas contadas a continuidade das obras do Mercado Municipal. Felizmente, eu sou daqueles que não desiste e estou disposto a quebrar a vitrola de tanto tocar o mesmo samba.

Insiste-se na desinformação ao público, alardeando-se que não há alternativas ao projeto que está sendo executado e que os interessados na preservação do Mercado não pensam nas pessoas que dele tiram o seu sustento. Omite-se do leitor que o antigo Shopping Popular já não existe mais lá, permitindo a visualização de uma das faces do mercado e que já estão praticamente prontas as instalações provisórias dos feirantes, poucos metros distantes da atual, o que permitiria a visualização da outra face.

Mas aonde enfiar cerca de 1.000 camelôs e feirantes, como querem tanto saber? Não tenho a pretensão de esgotar as possibilidades, que apenas os míopes políticos e sociais não conseguem enxergar. Já há projetos prontos, muitos deles contratados pela própria prefeitura, outros elaborados em sede acadêmica, indicando uma série de opções. Todas eles, certamente, dariam muito mais dignidade aos feirantes e camelôs. No próprio local onde estão sendo construídas as instalações provisórias dos feirantes, já existe projeto para construção de moderno prédio. Também há projeto pronto para construção do novo mercado nas proximidades da Arthur Bernardes com José Alves de Azevedo – eixo de franca expansão do município -, num prédio moderno e com amplo estacionamento. Com relação aos camelôs, para ficar apenas numa proposta, há, do outro lado do mercado, na Rua Formosa, um grande espaço vazio, em que hoje funciona um estacionamento, que poderia receber todos esses trabalhadores.

Não creio em desconhecimento de todos esses projetos - que já foram pra lá de expostos e divulgados. É má-fé mesmo. No afã de defender um Governo que não dialoga e não tem zelo com a coisa pública, surgem visões obtusas e alheias ao fato de que as pessoas mais pobres, que tiram o seu sustento do mercado e do seu entorno, terão muito mais dignidade se foram transferidas para locais mais amplos, limpos e de fácil acesso.

Fico me imaginando daqui uns 10 anos, passando a pé mesmo pelo mercado e mostrando ao meu filho o que sobrou do prédio. Teria que dizer para ele: “Para permitir que uns poucos tivessem orgasmos na contagem de votos, os órgãos responsáveis por zelar pela coisa pública permitiram a continuidade dessas pessoas no local. Hoje, ninguém vê esse histórico prédio e essas pessoas passam fome, porque ninguém que vir comprar nada num lugar sujo, apertado e sem lugar para os visitantes pararem o carro. Valeu a pena não? Afinal de contas, quem se importa com isto?”

O grande problema é que, para mal dos pecados de poucos, muitos se importam!

Artigo publicado na versão impressa da Folha de hoje (04/06)

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