Hora de assumir responsabilidades
José Paes 23/04/2015 21:50

Na última terça-feira, após o recebimento de inúmeras denúncias, o Ministério Público Federal realizou vistorias no Hospital São José, na Baixada, e na unidade de saúde de Travessão. A constatação do caos, por óbvio, ocorreu.

No Hospital São José, no momento da vistoria, a farmácia estava fechada, o administrador da unidade não foi encontrado, a escala dos plantonistas não foi disponibilizada e o livro de ponto não estava devidamente preenchido. Já na unidade de saúde de Travessão, foi constatado que a emergência funciona em local improvisado há mais de um ano, assim como o local para atendimento ambulatorial. Não havia água disponibilizada para o consumo nem banheiros para utilização dos pacientes.

Importante destacar que, essas são constatações do Ministério Público Federal, após inspeção. Não foram cidadãos comuns, vereadores de oposição ou blogueiros perseguidos que expuseram a situação caótica dessas duas unidades de saúde.

Para alguns, a situação de completo abandono desses locais pode surpreender, mas para quem acompanha minimamente de perto a saúde pública municipal, nada disso é novidade. Rotineiramente, se divulga situações iguais ou até mesmo piores que estas. A falta de médicos, de medicamentos e o estado de conservação vergonhoso de inúmeras unidades de saúde do município vêm sendo divulgados dia após dia.

Estive fora da cidade nos últimos dias. Sinceramente, não sei se a Prefeitura se manifestou a respeito e qual foi o seu conteúdo. Mas sempre que algo do tipo é divulgado, a justificativa se resume a uma: “a culpa é dos profissionais da saúde, não é a prefeita quem trabalha das unidades”.

Ora, a Prefeita e os seus assessores direitos não trabalham diretamente nas unidades de saúde, mas são os responsáveis pela sua gestão. É preciso assumir a responsabilidade e tomar medidas práticas para implementar gestões minimamente eficientes. Profissionais ruins há em todas as áreas. Esses, precisam ser exemplarmente punidos. Mas não se pode jogar na conta do profissional de saúde a responsabilidade pelo caos que aí está. Esses trabalhadores não compram remédios, não escolhem os administradores das unidades, não são responsáveis pela sua manutenção, enfim, não são responsáveis pela gestão do serviço. Isso é responsabilidade da Prefeita, que precisa assumir a culpa pelo caos que aí está.

Enfim, enquanto não se reconhecer os erros ao invés de tentar responsabilizar terceiros pelo lamentável estado da saúde pública em nosso município, dificilmente os problemas serão resolvidos. Infelizmente, parece que isso jamais acontecerá, pelo menos nessa gestão.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de hoje (23/04)

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