A alteração no nome de algumas ruas da área central de Campos gerou polêmica na semana passada, quando cidadãos se incomodaram com as novas placas de identificação. Um exemplo é o nome da rua Barão da Lagoa Dourada, no trecho entre a rua Alberto Torres e a Beira-Rio, que se chama Coronel André Chaves. Um leitor esclareceu a mudança ao afirmar que, na verdade, catálogos telefônicos antigos já apresentavam o nome.

O leitor Paulo André Chaves disse que o logradouro não teve nova denominação. Apenas foi identificado por placas como deveria ter acontecido anteriormente. Ele, que é neto do coronel que dá nome à rua, também informou o motivo da alteração:

— A referida rua recebeu este nome em reconhecimento ao coronel André de Rezende Chaves, proprietário de grande parte daquela região que cedeu áreas para a ocupação do trecho, o que permitiu a abertura daquele logradouro ligando a Beira- Rio à Barão da Lagoa Dourada — explicou Paulo Chaves.

O documento divulgado no site oficial da Câmara de Vereadores, de 16 de dezembro de 1965, corrobora a informação do leitor, que decreta: “passou-se a denominar coronel André Chaves a projetada rua C, do loteamento Maria Queiroz d’Oliveira à rua 15 de Novembro”.

As mudanças ganharam não só o noticiário local, mas também foram tratadas em recente reunião do Conselho Municipal de Cultura (Concultura). Na ocasião, concluiu-se que a “decisão do poder legislativo em mudar, aleatoriamente, os nomes das ruas da cidade, depondo contra seu foro de civilização; e a destituição de parte importante de sua história”, contraria, em princípio, os artigos 266, 267, 268 e 270 § 1° da Lei Orgânica e, de certa forma, a Lei Municipal 8.487, de 30/10/2013.

Em resposta, o presidente da Câmara de Vereadores, Edson Batista, foi categórico ao afirmar que em momento algum, a Câmara aprovou projeto de lei trocando nome de rua.

— Fatos que ocorreram em administrações passadas não podem ser imputadas a esta presidência ou ao conjunto dos vereadores na presente legislatura. Não podemos interferir nessa área. O que é permitido aos vereadores é denominar ruas projetadas, aquelas ainda sem definição — disse o presidente da Câmara.

Placas informam duas identificações

Quem passa no Centro Histórico encontra placas brancas com o atual nome em destaque e o nome antigo em letras menores. De acordo com a secretaria municipal de Comunicação, o novo design é uma iniciativa que faz parte do projeto de revitalização do Centro Histórico de Campos. Estas placas já foram colocadas em alguns logradouros, como na avenida Tenente Coronel Cardoso, antiga Formosa, que é mais conhecida pelo antigo nome; na rua Oliveira Botelho, também conhecida como rua do Mercado. De acordo com o superintendente municipal de Cultura e Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural, Orávio de Campos, o projeto é uma forma de registro memorialístico.

— A revitalização do Centro Histórico não é só obra. É toda uma mudança da mobília pública, do cenário urbano, que está sendo feita, o que estava previsto no projeto do arquiteto Cláudio Valadares. As placas serão importantes, porque revivem o passado e vão incentivar os estudantes à pesquisa histórica — destacou.

T.B.