O próximo passo
José Paes 30/08/2014 17:10

No embalo do primeiro debate envolvendo os candidatos para a Presidência da República, ocorrido na última terça-feira, na rede Bandeirantes de Tv e rádio, abordarei novamente a questão das eleições, mais especificamente, acerca da ausência de discussão sobre temas verdadeiramente importantes para o desenvolvimento do Brasil.

Durante os governos do Presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), alcançamos a tão esperada estabilidade econômica, controlamos a inflação, enxugamos, dentro do possível, a máquina pública, o que permitiu diversos avanços para nossa sociedade. Essas não foram conquistas de um determinado partido, mas da sociedade brasileira, que nem mesmo o posicionamento ideológico do PT, quando chegou ao poder, conseguiu abalar.

Do mesmo modo, durante os governos do Partido dos Trabalhadores, alcançamos conquistas sociais importantes, com milhões saindo da miséria e sendo incluídos na classe média, o que também possibilitou avanços extraordinários para nossa sociedade. Essas também são conquistas do povo brasileiro, que dificilmente regredirão caso setores mais conservadores da sociedade voltem ao poder. Não se concebe atualmente, por exemplo, que qualquer governo eleito, seja de qual perfil ideológico for, acabe com o Bolsa Família.

Infelizmente, contudo, o que se percebe do atual cenário eleitoral é que as conquistas obtidas no passado recente e a disputa para saber quem fez mais e melhor, estão impedindo que se reflita e discuta sobre os próximos passos que precisamos dar para continuarmos a obter outras conquistas nos campos social e econômico.

Enquanto o revanchismo entre “direita” e “esquerda” se aprofunda, abre-se um verdadeiro abismo que impede o diálogo maduro entre os grupos políticos majoritários, impedindo-se, dessa forma, o debate sobre temas essenciais para o desenvolvimento do Brasil. Não se viu até o presente momento – e provavelmente não será visto até o fim da campanha -, discussões relevantes sobre reforma política, tributária, trabalhista, previdenciária, pacto federativo, dentre outros.

O que se vê, é que os interesses eleitorais imediatos amedrontam os candidatos, impedindo que tenhamos um verdadeiro debate de propostas efetivamente produtivas para o país. De certo modo, essa situação também se revela no cenário eleitoral estadual. Enquanto os candidatos partem para o baixíssimo jogo de agressões mútuas e focam no pouco que fizeram no passado, pouco se discute sobre problemas estruturais do Rio de Janeiro, tornando a eleição um verdadeiro jogo para descobrir quem é o menos pior.

Enfim, precisamos dar um passo adiante no debate político brasileiro. A velha tática do nós contra eles já não resolve os nossos problemas, precisamos de um novo caminho de diálogo e cooperação, para garantirmos a realização das reformas necessárias para continuarmos avançando.

Artigo publicado na versão impressa da Folha de quinta-feira (28.08)

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