Padre Julio Lancellotti repercute caso de aporofobia em Campos/RJ
Gilberto Gomes 05/08/2022 21:59 - Atualizado em 05/08/2022 22:19
Prefeitura de Campos retirou colchões, cobertores e agasalhos da população em situação de rua durante festa do Santíssimo Salvador
Na última quinta-feira, equipes de fiscalização da postura, orientados pela Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, recolheram à força cobertores, colchões, agasalhos e documentos de moradores de rua, visando afastá-los da área onde estão ocorrendo os festejos do Santíssimo Salvador. Crianças, idosos e portadores de deficiência estão entre as pessoas que tiveram seus pertences roubados durante a ação de higienismo social.
Caminhão da prefeitura que recolheu pertences. Vídeo: @lamparaoetisgo
Caminhão da prefeitura que recolheu pertences. Vídeo: @lamparaoetisgo
Diversos campistas se estarreceram com as cenas, que tiraram o pouco daqueles que já não possuem quase nada, durante um inverno de noites frias em Campos. De imediato, publiquei um vídeo em minhas redes relatando a situação, confira aqui, buscando tornar mais visível a atuação imoral da prefeitura de Campos, que visava apenas maquiar a cidade e jogar "pra debaixo do tapete" a ausência de políticas para a população de rua.
Hoje, quem também se indignou e ajudou a repercutir o caso compartilhando o vídeo que publiquei foi o Padre Júlio Lancellotti, referência nacional na defesa dos direitos do povo de rua, principal nome na luta contra a aporofobia no Brasil, termo que define políticas e ações que nutrem ódio e  aversão aos pobres. A palavra passou a ser difundida mais recentemente com uma campanha do sacerdote, da Pastoral do Povo da Rua em São Paulo/SP, contra as cidades que a praticam.
Padre Júlio em ação nas ruas de SP
Padre Júlio em ação nas ruas de SP
Padre Julio compartilhou o vídeo destacando a ação da prefeitura de Campos e se disse "impressionado" com as cenas de tamanha crueldade a cidadãos já tão vulneráveis. 
A prefeitura ainda não se manifestou sobre o caso que vem causando indignação nas redes. Centenas de campistas cobram uma postura ética da prefeitura, com aplicação de políticas públicas efetivas nas área de moradia, educação, saúde pública, emprego e renda junto a população de rua em Campos.
A Diocese de Campos, que coordena a parte religiosa dos festejos do Santíssimo Salvador, também não se manifestou. Vale destacar que o Bispo Dom Roberto possui um longo histórico de compromisso com as causas sociais, aliado das lutas populares, o que gera expectativa dos fiéis por um posicionamento oficial da Igreja Católica localmente.

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