Crítica de cinema - Amizades e mudanças
- Atualizado em 04/01/2019 18:02
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(Wifi Ralph: Quebrando a internet) -
Detona Ralph e Vaneloppe estão de volta em uma continuação que é uma evolução natural do primeiro longa. O filme original era uma carta de amor aos arcades e games antigos, trazendo aos holofotes dois personagens periféricos de jogos ordinários, em uma jornada de afirmação e fuga de rótulos por diversos jogos que fizeram alegria da infância de muita gente. A evolução dos games é a internet e é esta revolução que traz uma nova ambientação e universo de possibilidades para a dupla, em um filme criativo em tornar real muitos aspectos da internet.
Ralph e Vaneloppe continuam suas vidas dentro dos arcades, a menina não suporta mais aquela rotina e tentando ajudar a amiga, Ralph acidentalmente acaba pondo em risco a máquina com o jogo de corrida da personagem. Para impedir que o jogo seja desativado, eles vão percorrer a internet para conseguir a peça para salvar a máquina e vão descobrir o universo infinito de possibilidades que é a grande rede.
O filme é uma aventura clássica de uma dupla à procura de um determinado objeto, em uma terra estranha. O filme começa relembrando de forma eficiente os principais pontos do longa anterior e rapidamente nos mostra a atual situação dos personagens. Alguns temas do longa são introduzidos e o incidente que gera o defeito na máquina de corrida da Vaneloppe, levando a dupla a sua jornada.
Mateusinho
Mateusinho / Divulgação
Se os temas centrais do primeiro longa foram a afirmação e a quebra de rótulos, aqui o tema é a amizade e a aceitação de que as coisas e as pessoas (no caso, os personagens) mudam. O filme é mais focado na relação da dupla principal e toda a jornada principal traz diferentes objetivos para cada um deles. Ralph quer recuperar a máquina da amiga e a manter o mais perto possível. Já Vanellope quer novos desafios, sair da mesmice. São interesses conflituosos que forçam a amizade ao limite. Enquanto Vanellope se deslumbra com a internet, Ralph tem medo do novo e quer apenas voltar para o conforto do seu mundo.
Essa dinâmica da terra distante tira do filme todos os coadjuvantes do filme anterior, levando a criação de toda uma nova leva de personagens, em uma decisão interessante e rentável, pois demonstra confiança em apostar no carisma de novos personagens e permite a Disney vender novos e diferentes produtos baseado no novo filme.
Se o longa anterior apostava muito na nostalgia dos arcades, a diversão aqui é identificar marcas (são muitas) e elementos do mundo virtual que fazem parte de nosso dia-a-dia, dando um aspecto bem atual ao longa. Os realizadores foram muito criativos em criar aspectos físicos a internet, tarefa que é necessária para criação visual daquele mundo e traz aspectos e pequenas críticas do mundo real para ele, como os pop-ups, por exemplo.
Essas críticas vão desde o conteúdo consumido na rede, a forma como muitos usuários ficam presos ao mundo digital e até mesmo a crueldade dos comentários e seus efeitos nas pessoas, em uma cena interessante, mas que deveria ser melhor explorada. São críticas amenas, também não é este o objetivo do longa, mas provocar a reflexão em meio ao entretenimento, sempre foi uma das principais características das animações (principalmente da Pixar).
Visualmente o filme é um deleite. Seja na forma criativa com que torna o mundo virtual palpável, nas incríveis cenas de ação (a construção da ameaça no final, mesmo que nada criativa, me impressionou visualmente), seja na interação com o mundo real, característica essa mais presente nesse filme, até mesmo pela temática, mas que acaba tornando algumas situações sem sentido.
“Wifi Ralph: Quebrando a Internet” mantém o nível do original, expande os horizontes daquele universo e evolui até mesmo tematicamente, ao trazer a relação entre dois amigos como foco central. Mesmo que não tenha o brilhantismo de outras animações recentes, diverte adultos e crianças.

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