Campos em uma segunda-feira de protestos
05/09/2017 11:07 - Atualizado em 05/09/2017 14:55
Servidores protestaram em frente à Prefeitura
Servidores protestaram em frente à Prefeitura / Paulo Pinheiro
Esta segunda-feira (4), em Campos, foi marcada por vários protestos de diferentes áreas. Servidores públicos bloquearam a entrada da sede da Prefeitura, rodoviários bloquearam diversas vias na área central e motoristas de ambulâncias que cruzaram os braços desde o último sábado permaneceram em protesto em frente à secretaria de Saúde. Além disso, na região Norte de Campos, cerca de 200 pessoas fecharam a BR 101 (Campos-Vitória) protestando contra a falta de transporte público para atender aos moradores de Santo Eduardo, Santa Maria, Morro do Coco, Guandu e Conselheiro Josino. Em meio a um dia de caos, uma notícia boa surgiu: a volta do recolhimento de lixo.
Servidores municipais que estão em greve realizaram uma manifestação em frente ao centro administrativo da Prefeitura de Campos, na manhã de ontem, desde as 7h. Eles pedem que a Prefeitura aumente a receita própria e evite cortes de direitos do funcionalismo e programas sociais. Diversos servidores que trabalham na sede do Executivo ficaram impedidos de entrar no local.
As reivindicações apresentadas pelo Sindicato dos Profissionais e dos Servidores Públicos Municipais (Siprosep) são: reajuste anual, melhores condições de trabalho, revisão do Plano de Cargos, aumento do auxílio alimentação, eleições para diretores de escola e não alteração da lei de gratificação para os servidores da Saúde.
Servidor público há quatro anos, Alexis Sardinha explicou que o principal pedido dos funcionários é o aumento da receita em vez dos cortes. “O que estamos querendo dizer é que Rafael tem que se concentrar mais em aumentar a receita do município. Na nossa avaliação, ele está cortando nos direitos dos trabalhadores e nos sociais, como o corte do Restaurante Popular. O ajuste pode ser feito sendo mais eficiente no gasto, economizando. Ou, por outro lado, aumentando a sua receita. Não estamos vendo Rafael fazer nada no que diz respeito a essa questão do aumento da receita”, explicou.
A sugestão da Prefeitura, segundo Alexis, é que o grupo escolhesse servidores para compor uma comitiva de cinco pessoas para negociar o final da greve. “Mas a gente não aceitou. A gente quer que todos sejam recebidos no auditório”, afirmou.
Entre os manifestantes, estavam os profissionais da educação, que anunciaram paralisação de 24 horas. Graciete Nunes, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) em Campos, afirmou: “estamos na luta!”. Ela explicou que, hoje, acontece uma audiência às 10h na sede da Prefeitura de Campos, com presença do procurador municipal e de representantes da secretaria de Gestão e Educação.
Sobre a manifestação, o procurador-geral do município, José Paes Neto, comentou que a principal preocupação do governo é a valorização do servidor, lembrando o compromisso do prefeito Rafael Diniz em manter o pagamento dos salários rigorosamente em dia. O procurador também disse que, apesar da crise econômica herdada, é prioridade do governo melhorar as condições de trabalho do servidor, que não são boas há muitos anos.
Em nota, a Prefeitura informou que uma comissão de 20 servidores foi recebida pela vice-prefeita Conceição SantAnna; pelo procurador-geral do município, José Paes Neto; e pelo secretário de Gestão Pública, André Oliveira, na sede do Executivo. Na reunião, os representantes do governo voltaram a falar sobre o momento crítico que o município enfrenta em virtude da crise financeira, agravada em Campos pela queda de receita. “Este ano, o município está com orçamento de R$ 1 bilhão a menos se comparado ao ano passado. Mesmo assim, o município vem dando prioridade aos servidores e mantendo o pagamento dos mesmos rigorosamente em dia”.
Entre os assuntos abordados e citados na pauta de reivindicação, está o item de reajuste salarial. Segundo a Procuradoria-geral do município, a Lei de Responsabilidade Fiscal impede que, no momento, haja este aumento, em decorrência do limite da folha de pagamento municipal.
Rodoviários bloquearam diversas vias
Albertinho reforçou protesto de rodoviários
Albertinho reforçou protesto de rodoviários / Rodrigo Silveira
Funcionários de várias empresas de transporte público de Campos paralisaram as atividades durante a manhã e tarde de ontem, em protesto contra o atraso nos salários, e fizeram manifestações em vários locais do Centro da cidade, deixando o trânsito tumultuado e os pontos de ônibus lotados. Aderiram ao movimento trabalhadores das empresas Turisguá, São Salvador, Siqueira e Cordeiro, que integram o consórcio União, e, ainda, da Rogil, mas os coletivos da São João também deixaram de circular durante parte do dia, depois que um grupo de manifestantes forçou a parada e esvaziou os pneus dos veículos, obrigando os passageiros a descerem. Os ônibus da Jacarandá foram os únicos que circularam normalmente ontem. Mais uma vez o ex-vereador Albertinho foi visto nos locais dos protestos, assim como ocorreu nas manifestações recentes de motoristas de lotadas. Os ônibus voltaram a circular por volta das 17h20.
Durante os protestos, os coletivos fecharam o trânsito no Terminal Rodoviário Luís Carlos Prestes, na avenida XV de Novembro, e na avenida José Alves de Azevedo (Beira-Valão), onde um ônibus ficou atravessado, bloqueando a passagem pela rua Tenente Coronel Cardoso durante mais de uma hora. Por volta das 15h30, após provocação de motoristas de lotadas que passaram pelo terminal, um grupo de motoristas de ônibus fechou a ponte Saturnino Brito, na Lapa, com fogo em pneus, para protestar contra o transporte pirata na cidade. O tráfego de veículos ficou bloqueado por quase 45 minutos. A Polícia Militar precisou controlar a situação nos três locais.
Em protesto, rodoviários fecharam acesso na Lapa
Em protesto, rodoviários fecharam acesso na Lapa / Rodrigo Silveira
Na parte da manhã, funcionários da Turisguá iniciaram a paralisação, alegando dois meses de salários atrasados. De acordo com eles, na última sexta-feira, foi dado um vale de R$ 50 a uma parte do grupo e ainda não há previsão para os acertos salariais. Também estão atrasados em dois meses os salários dos trabalhadores da Siqueira, além da Rogil. Na São Salvador, segundo os trabalhadores, a situação é pior, com atraso de três meses dos salários. Das empresas que tiveram o funcionamento suspenso, somente a Cordeiro está em dia com os contratados, que participaram do ato por serem integrantes do consórcio União.
O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, Davi Lopes, informou que o sindicato ainda não foi procurado. “Essa paralisação é para reivindicar os salários atrasados. O grupo União está realmente atrasado. Nós estamos passando para eles (funcionários) que não pode ser greve porque, para ser, tem que ter edital e assembleia. Então, eles estão fazendo uma paralisação. Os patrões podem chamá-los para negociação e eles aceitarem”, afirmou.
Em nota, a secretaria de Governo informou que “a Prefeitura vem se reunindo com os consórcios que atuam no transporte coletivo e tem buscado estar em dia com os repasses, mesmo diante das limitações financeiras e do déficit de cerca de R$ 35 milhões mensais, que ainda é muito preocupante. Ainda esta semana, deverá ser liberado o pagamento do mês de agosto. O presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Renato Siqueira, voltou a se reunir no início da tarde de ontem com representantes dos consórcios”.
A Auto Viação São João informou, por meio de nota, que “seus funcionários, cientes da importância do serviço para a população, não aderiram à paralisação de rodoviários nesta segunda-feira, mas foram forçados por um grupo a parar os veículos. Para impedir a circulação, os manifestantes esvaziaram os pneus de 16 ônibus da São João, obrigando, em alguns casos, os passageiros, inclusive crianças e idosos, a descerem e deixando os veículos no meio da rua, o que tumultuou o trânsito. Os coletivos precisaram ser recolhidos à garagem para manutenção”.
Os usuários do transporte foram surpreendidos na manhã e no início da tarde. Para alguns campistas, o ato dos funcionários deve ser respeitado, apesar das dificuldades de locomoção devido à suspensão do funcionamento. Para outros, no entanto, a ação é vista de modo crítico.
Estudantes do Colégio Estadual Nilo Peçanha contaram que saíram da escola a caminho do Parque Eldorado, sem dinheiro, almoço e celular, e não tinham como voltar para casa devido à falta de ônibus.
Pneus foram esvaziados
Pneus foram esvaziados / Paulo Pinheiro
Funcionários da Vital voltaram ao trabalho
Após funcionários da Vital Engenharia Ambiental – empresa responsável pela coleta de lixo no município - cruzarem os braços na última sexta-feira, por falta de pagamento do vale alimentação, que estava atrasado há dois meses, os trabalhadores da empresa retornaram ao trabalho no final da tarde de ontem. Mesmo assim, a greve foi motivo de muitas reclamações, já que diversas ruas ficaram completamente atoladas de lixo.
Em todos os bairros, sacos e mais sacos de lixo podiam ser vistos espalhados por vários cantos das ruas. Em alguns locais o acúmulo de lixo causou mau cheiro. Um transtorno que deixou a dona de casa, Alessandra Almeida Marques muito irritada. “Estamos desde quinta sem coleta de lixo e o acúmulo em casa e nas ruas é muito grande. Quero saber de quem é a responsabilidade, porque estão deixando chegar a esse ponto. Quem sofre com tudo isso somos nós. Espero que a coleta seja feita ainda hoje (ontem)”, disse.
O secretário de Desenvolvimento Ambiental, Leonardo Barreto, informou que os serviços de limpeza pública foram realizados de forma regular. Nesta segunda-feira (4), durante uma reunião com a diretoria da concessionária responsável pela limpeza, a Vital Engenharia Ambiental, foram definidos pontos prioritários para a coleta, como hospitais e bairros mais populosos. Ele lembra que os funcionários estão com pagamento em dia, vale transporte, vale-alimentação de agosto, depositado na última sexta-feira.
Condutores em greve desde o último sábado
Os condutores das ambulâncias da Prime, que paralisaram as atividades no último sábado, permanecem em greve. Trinta por cento dos veículos estão de sobreaviso para casos de emergência. Os trabalhadores aguardam o acerto salarial e dos benefícios.
Segundo o presidente do Sindicato dos Motoristas Condutores de Ambulância do Estado do Rio de Janeiro (Simcaerj), Robson Melo, os trabalhadores estão há três meses com salários atrasados e há oito meses sem o vale alimentação. As condições dos veículos, com pneus carecas e sem manutenção, também motivaram a greve.
— A situação ficou insustentável desde a última segunda-feira, quando a gente fez uma assembleia geral, em que foi deflagrada a greve pelo descumprimento das questões trabalhistas. Com isso, na quinta-feira, o prazo foi expirado. A gente cumpriu o que determina a lei com relação às 72 horas. Informamos à empresa, ao Ministério Público do Trabalho e à Prefeitura, que é o órgão contratante, e à Câmara de Vereadores. No sábado, fizemos uma carreata para informar à população sobre a greve. E, hoje (ontem), viemos fazer o encontro com a categoria para definir o que será feito — detalhou.
Robson explicou que houve contato com a assessoria do prefeito Rafael Diniz para que ele pudesse receber os motoristas. A reunião ficou previamente marcada para amanhã.
Em resposta, a Prefeitura, através do setor de Transporte da secretaria de Saúde, disse que os pagamentos referentes ao serviços de ambulância estão em dia desde janeiro deste ano. “O processo deste último pagamento já se encontra em curso na secretaria de Fazenda. O assessor chefe de Transporte da Secretaria Municipal de Saúde, Fabiano Martins, se reuniu nesta segunda-feira (ontem) com a diretoria do sindicato da categoria”.
(P.V.) (J.F.) (M.B.) (J.R.)

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