Agricultura é diferencial em SFI
Dora Paula Paes 06/05/2017 14:41 - Atualizado em 09/05/2017 14:24
Secretário de Pesca e Agricultura Cláudio Henriques
Secretário de Pesca e Agricultura Cláudio Henriques / Paulo Pinheiro
A riqueza do petróleo passou perto e não chegou ao município litorâneo de São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense. A terra é sua maior fonte de riqueza. Com 80% da população no campo — são 41.354 habitantes, segundo o último Censo, do IBGE — a força de trabalho desse sertanejo que não tem medo de sol e chuva, pelo contrário, quanto mais na proporção certa melhor, chama atenção e deixa o município em destaque no setor agrícola. Em 2015, a agricultura gerou R$ 193 milhões. O montante ultrapassa, e muito, os resultados de Campos (R$ 64 milhões) e São João da Barra (R$ 23 milhões) no setor agrário, dados da secretaria estadual de Fazenda. “O que nos faz diferente é que a roça está dentro da casa do produtor”, destaca o vice-prefeito e secretário de Agricultura e Pesca, Cláudio Henriques.
Com base em números estatísticos, São Francisco chegou a figurar na lanterna do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e obteve posição de extrema pobreza, só comparada aos municípios mais pobres do Nordeste brasileiro. Segundo o secretário, a realidade é outra: “Não olho o município como um Eldorado de oportunidade, mas não é esse bolsão de pobreza que se apresenta em gráficos estatísticos. A situação é bem mais confortável e com a agricultura se sustenta. Nosso propósito é realizar um trabalho para dar dignidade a esse homem do campo que vem produzindo tanta riqueza”, disse.
— São Francisco tem 82 comunidade rurais, em uma de área de 1.200 quilômetros quadrados. Nas localidades falta infraestrutura como rede coletora de esgoto, o que contribui para números negativos nos gráficos, mas a população vive da roça, e praticamente todo o trabalhador tem um veículo, seja moto ou carro e casa. Não existe êxodo rural, pelo contrário, os filhos de São Francisco de Itabapoana estão fazendo o caminho de volta dos grandes centros, onde foram buscar oportunidades — explica Henriques.
No município, 95% das terras são aproveitadas para a agricultura em alternância: abacaxi, aipim e cana, entre outras culturas em menor escala, como goiaba, maracujá, coco e até pimenta. A pesca — são dois mil pescadores atuando em duas colônias — e a pecuária também ajudam a incrementar a economia.
Pecuária ainda sofre com a grande seca no sertão
Na semana passada, a secretaria de Agricultura e Pesca deu início à campanha de vacinação contra febre aftosa, que segue até o dia 31 de maio, em todo o território nacional. Nesse primeiro momento, no município, serão distribuídas quatro mil doses gratuitamente para o pequeno produtor, o pecuarista que possui até 30 cabeças de gado.
A campanha foi aberta pela prefeita Francimara e o vice. A vacinação é para bovinos e bubalinos (búfalos) de todas as idades.
Para receber a visita da equipe técnica e aplicar a vacina, o pecuarista deve se dirigir a secretaria localizada no centro da cidade, ao lado do Banco Itaú ou em pontos administrados pela secretaria de Agricultura localizados em Imburi de Campos e no Parque de Exposição em Praça João Pessoa, em horário comercial ou ligar para o telefone 2789-1118 (secretaria) ou para o veterinário Reinaldo Moreira através do número 99962-6960.
A Secretaria irá disponibilizar seis vacinadores em duas equipes para atender a todos os produtores. O pecuarista que não vacinar seu gado até o dia 31 de maio estará sujeito a pagar multa conforme a lei, além de ficar impedido de tirar a Guia de Trânsito Animal (GTA).
Cláudio Henrique lembra que a grande seca já dura três anos e castigou principalmente o pecuarista do gado de corte e leiteiro. “Mas, ainda assim, nossa produção está em 65 mil litros de leite/dia”, disse ele.
Parceria com Estado — Com o Estado falido, o município, como todos os outros 91, não está recebendo aporte financeiro do governo. “Verba não tem, mas o governo do Estado tem nos ajudado com máquinas. O município fica responsável pelo combustível. Já é uma ajuda repassada ao produtor rural e ao pecuarista, que arca com 50% da despesa também”, disse.
SFI é o terceiro maior produtor de abacaxi do país
SFI é o terceiro maior produtor de abacaxi do país / Paulo Pinheiro
“Ouro” do momento é a plantação de abacaxi
O “ouro” do momento é a cultura do abacaxi. O município hoje ocupa a terceira colocação no país em produção do fruto. Fica atrás apenas dos municípios de Alta Floresta, no Pará, e Miranorte, em Tocantis. A expectativa para a colheita, entre os meses de agosto e setembro, são as melhores possíveis para o agroprodutor. “São oito mil alqueires de abacaxi plantados. Para cada alqueire foi criado um emprego direto, além dos indiretos. Todos saem ganhando”, disse o secretário.
O aipim de mesa e a mandioca, matéria-prima da farinha, também têm destaque no município de São Francisco de Itabapoana e é outra fonte poderosa de riqueza. Por colheita são seis mil caixas de aipim saindo para o Ceasa, no Rio de Janeiro. “São 12 mil hectares de área plantada de aipim. 80% do aipim consumido no grande Rio saem de São Francisco. E o município ainda tem 26 unidades industriais de produção de farinha”, contabiliza.
A cana de açúcar, fonte de muita riqueza e prestígio em décadas passadas, também não perdeu de todo sua importância. São áreas e mais áreas intercaladas pelas três culturas, numa profusão de vários matizes de verde. Em 2015, por exemplo, a cana rendeu R$ 12 milhões ao município.
— Estamos nos preparando para atuar junto a esse povo ordeiro e trabalhador. Poucos têm a inscrição social, ferramenta necessária para amparar esse homem do campo, com aposentadoria, por exemplo. Dentro da secretaria também vamos disponibilizar pessoal para ajudar na preparação de documentos. Temos ainda o projeto do arrendamento legal — enumera.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS