Interior do Rio tem mais duas mortes de macacos por febre amarela confirmadas
Marcus Pinheiro 18/03/2017 08:13 - Atualizado em 19/03/2017 18:35
Macaco encontrado morto em São Sebastião
Outras duas mortes de macacos por febre amarela no interior do Rio de Janeiro foram confirmadas. A informação é da secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio de Janeiro. Dois morreram em São Sebastião do Alto – município vizinho Santa Maria Madalena e São Fidélis - na região Serrana do Rio, e outro em Campos – caso já divulgado em coletiva nessa sexta-feira (17), pela diretora de Vigilância em Saúde do município. Outras duas mortes em macacos em Juiz de Fora (MG) estão sob investigação.
De acordo com a Prefeitura de São Sebastião do Alto, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) confirmou que os macacos estavam infectados com o vírus. Eles foram encontrados na quarta-feira (8), na localidade de São Manoel, que fica a 1 Km do Centro da cidade.
O município informou que a vacinação já estava sendo intensificada desde o dia 6 de março no Centro de Saúde da Cidade, Centro de Saúde Valão do Barro e na Estratégia da Família de Ipituna. Ao todo, a cidade possui 7.500 doses disponíveis e nenhum caso confirmado de febre amarela.
Unidades de Conservação permanecem abertas
Mesmo com a confirmação de mortes de primatas por febre amarela, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que, em razão da ausência de registros de óbito de macacos pela doença nas Unidades de Conservação Estaduais (UCs) administradas pelo órgão, as UCs não serão fechadas e estão sendo colocadas à disposição das secretarias de saúde do estado.
De acordo com o Inea, o monitoramento dos primatas está sendo realizado em toda área de abrangência das UCs por um grupo que envolve representantes do instituto, os órgãos de saúde do estado e município, além do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e da Fiocruz para uma rápida adoção de ações em caso de constatação da doença.
A reportagem da Folha tentou contato com a administração do Parque Estadual do Desengano, situado nas proximidades dos locais onde primatas foram encontrados mortos pelo vírus da febre amarela, com intuito de checar se há previsão para fechamento do local. No entanto, até o fechamento desta edição, não obteve êxito.
Possível migração do vírus
Para o professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente do Instituto Vital Brazil, Edimílson Migowski, o aparecimento de casos de Febre Amarela Silvestre (FAS), em humanos no estado do Rio de Janeiro, pode ter sido resultado da migração do vírus por meio dos mosquitos Haemagogus e Sabethes e de primatas ao longo do tempo.
— Não acredito que o vírus tenha chegado na região tão recentemente. Ele foi transportado por animais contaminados em movimentação, que eram picados por mosquitos que também se movimentam. Enquanto a doença ocorria apenas em macacos, no meio das florestas, ninguém a percebeu. Mas, talvez a gente tenha se aproximado demais deles. Seja através da exploração do turismo, ou da construção de opções para moradias, e o resultado pode estar sendo este — apontou o infectologista.

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