Rio tem primeira morte confirmada por febre amarela
Marcus Pinheiro 16/03/2017 00:33 - Atualizado em 18/03/2017 12:22
INFO
A secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou, nessa quarta-feira, os dois primeiros casos de febre amarela silvestre no Rio de Janeiro, entre eles a primeira morte. O pedreiro Watila Santos, 38 anos, morreu, no último sábado, após dar entrada no Hospital Municipal Ângela Maria Simões Menezes, em Casimiro de Abreu. Já Alessandro Valença Couto, 37 anos, permanece internado no Hospital dos Servidores, no Rio de Janeiro. Os dois moravam na localidade de Córrego da Luz, na zona rural do município. Em ambos os casos os homens não possuíam histórico de viagens para regiões com circulação comprovada do vírus da doença.
Diante dos resultados positivos para febre amarela, a vacinação de toda a população foi antecipada em 25 municípios nas regiões Norte, Noroeste, Serrana, dos Lagos e no entorno da reserva ambiental de Poço das Antas, entre eles, Campos, Macaé e Casimiro de Abreu.
Em Campos, a Vigilância em Saúde informou que a imunização gradativa para toda a população começa na próxima segunda-feira. De acordo com a diretora do órgão, Andréya Moreira, ao todo, 11 postos de vacinação estarão disponibilizando a vacina e, em cada um deles, serão oferecidas 500 doses inicialmente. Segundo ela, a princípio, os polos serão instalados nas unidades de Saúde de Ururaí, Hospital São José, Centro de Saúde Guarus, UBS Alair Ferreira, UPH de Travessão, CRTCA I e II, UPH de Farol de São Thomé, secretaria de Saúde, UBS da Penha e UBS do Jóquei. Andréya ressaltou que, apesar de o município não ter registrado nenhum caso suspeito de febre amarela, o cronograma de bloqueio vacinal segue normalmente nos distritos com áreas de mata e proximidades. Serão disponibilizadas 500 doses nos 11 pontos de vacinação diariamente e, a medida que o Estado liberar mais doses, essa quantidade será ampliada gradativamente.
Em Macaé, as doses estarão disponíveis para todos a partir desta quinta, dentro das indicações, nas unidades com atendimento 24 horas: prontos socorros do Aeroporto e Imbetiba; nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Barra e Lagomar; e no Centro de Saúde Dr. Jorge Caldas.
Primeira morte de febre amarela no RJ
O secretário de Estado de Saúde, Luiz Antônio de Souza Teixeira esteve nessa quarta em Casimiro de Abreu. Durante uma reunião com representantes do município, ficou definido que toda a população de 6 meses à 60 anos será imunizada. Para atender a demanda de aproximadamente 40 mil pessoas, um hospital de campanha será montado na Praça Feliciano Sodré, no Centro, a partir desta quinta. A ação também ocorrerá em escolas e postos de saúde do município.
O município de Casimiro de Abreu é cercado por grandes e importantes áreas remanescentes de Mata Atlântica. Ao todo, 46% da Reserva Biológica União, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), fica dentro do território do município. O local abriga cerca de 400 micos-leões-dourados, ameaçados de extinção. Apesar de não haver registro de mortalidade dos animais nos limites da reserva, que se estende ainda por Rio das Ostras e Macaé, a partir desta quinta, o acesso à unidade de conservação por grupos de estudantes, pesquisadores e funcionários só será permitido mediante a comprovação de imunização contra a febre amarela.
O chefe da Reserva Biológica União, Whitson José da Costa Júnior, explicou que os micos-leões-dourados só ocorrem na região e, por este motivo, as medidas de preservação à vida de pessoas e animais foram tomadas. “Ao todo são cerca de 3.200 exemplares silvestres espalhados no estado. Ampliamos o monitoramento e, até agora, não diagnosticamos nenhum indício de que os micos tenham sido contaminados. Infelizmente, não há vacina para eles e, ainda que houvesse, a aplicação não seria viável. Caso o vírus afete os animais da reserva, poderá haver uma tragédia na espécie que já possui um número reduzido de animais na natureza. Por este motivo, limitamos o acesso das pessoas”, contou Whitson.
Outras unidades de conservação, como o Parque Nacional do Caparaó, entre Minas Gerais e o Espírito Santo, também chegou a restringir a entrada de visitantes por causa da doença.
A equipe de reportagem tentou contato com a administração da Reserva Biológica de Poço das Antas, que também abriga os micos-leões-dourados e fica a aproximadamente 10 km do Centro de Casimiro, mas não obteve um retorno até o fechamento desta edição.
Especialista fala sobre a doença 
“A letalidade da febre amarela é alta, é muito maior do que a da dengue. O índice de mortalidade do vírus da dengue gira em torno de um óbito a cada mil infectados. Já no caso da febre amarela, de 300 a 600 doentes morrem”, revelou o professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente do Instituto Vital Brazil, Edimílson Migowski. Segundo ele, apenas a raiva o ebola possuem uma taxa de mortalidade maior.
Edimílson esclareceu que não há variação entre os vírus da febre amarela silvestre e urbana. “No caso selvagem, o transmissor é o mosquito Haemagogus e Sabethes, que vive na copa das árvores e tem predileção por primatas. E nas regiões urbanas, são as fêmeas do Aedes aegypti, que também transmitem a dengue, a zika e a chikungunya”, contou.
Ainda de acordo com Migowski, apesar da versão urbana ter sido erradicada em 1942, no Brasil, a silvestre sempre existiu. Segundo ele, o que pode estar gerando a contaminação em humanos é a proximidade das zonas de mata. “Enquanto a doença ocorria apenas em primatas, nas florestas, ninguém a percebeu. Talvez a gente tenha se aproximado demais deles e ficamos expostos. A exploração do turismo e a construção de opções para moradias pode ter contribuído para isso. No caso do óbito em Casimiro, é provável que a contaminação tenha se dado pelo vírus selvagem, por conta da proximidade com a mata. No entanto, não houve confirmação”, finalizou o infectologista.
Micos-leões-dourados também em risco
O município de Casimiro de Abreu é cercado por grandes e importantes áreas remanescentes de Mata Atlântica. Ao todo, 46% da Reserva Biológica União, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), fica dentro do território do município. O local abriga cerca de 400 micos-leões-dourados, ameaçados de extinção. Apesar de não haver registro de mortalidade dos animais nos limites da reserva, que se estende ainda por Rio das Ostras e Macaé, a partir de hoje, o acesso à unidade de conservação por grupos de estudantes, pesquisadores e funcionários só será permitido mediante a comprovação de imunização contra a febre amarela.
O chefe da Reserva Biológica União, Whitson José da Costa Júnior, explicou que os micos-leões-dourados só ocorrem na região e, por este motivo, as medidas de preservação à vida de pessoas e animais foram tomadas. “Ao todo são cerca de 3.200 exemplares silvestres espalhados no estado. Ampliamos o monitoramento e, até agora, não diagnosticamos nenhum indício de que os micos tenham sido contaminados. Infelizmente, não há vacina para eles e, ainda que houvesse, a aplicação não seria viável. Caso o vírus afete os animais da reserva, poderá haver uma tragédia na espécie que já possui um número reduzido de animais na natureza. Por este motivo, limitamos o acesso das pessoas”, contou Whitson.
Outras unidades de conservação, como o Parque Nacional do Caparaó, entre Minas Gerais e o Espírito Santo, também chegaram a restringir a entrada de visitantes por causa da doença.
A equipe de reportagem tentou contato com a administração da Reserva Biológica de Poço das Antas, que também abriga os micos-leões-dourados e fica a aproximadamente 10 km do Centro de Casimiro, mas não obteve um retorno até o fechamento desta matéria.

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